Durante o primeiro mês do ano, acontece a campanha Janeiro Branco, criada em 2014 com o objetivo de chamar a atenção da humanidade para as questões e necessidades relacionadas à saúde mental e emocional das pessoas. Para que você entenda um pouco melhor sobre a campanha, suas motivações e cuidados com a saúde mental na vida pessoal e profissional, conversamos com a Dra. Yara Azevedo Prandi, psiquiatra e médica credenciada Omint, que explicou os principais pontos sobre o assunto.
Neste artigo você vai conferir:
- O que é a campanha Janeiro Branco?
- A saúde mental em tempos de pandemia
- Psicofobia e o tabu dos tratamentos psiquiátricos
- Quais sinais devo ficar atento?
- Como as empresas devem lidar com a saúde mental?
- Como posso me cuidar melhor?
O que é a campanha Janeiro Branco?
Janeiro Branco é uma campanha brasileira criada em 2014 para chamar a atenção acerca das questões mentais e de como elas interferem, positiva ou negativamente, em todas as nossas outras atividades cotidianas e, por isso, deve ser cuidada com muita atenção. O mês de janeiro foi escolhido para a campanha também pelo seu símbolo cultural. Janeiro é o mês no qual estabelecemos novas metas para o ano que se inicia ou ainda pode ser que nos sintamos arrependidos por metas não cumpridas no ano anterior. Por isso, é tão necessário que falemos disso logo nesse início. Com o objetivo de promover o acesso para todos à saúde mental, a campanha propõe palestras, oficinas, cursos e rodas de conversa em lugares públicos. Você pode conferir mais informações clicando aqui.
Além disso, a campanha também visa promover a facilidade de acesso à saúde mental, conscientizando autoridades sobre a importância de ter uma população que cuida de questões emocionais, podendo assim levar a vida de forma mais leve e tranquila.
A saúde mental em tempos de pandemia
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde – OMS, o Brasil é o país mais ansioso do mundo, com 9,3% da população ansiosa, e o segundo mais depressivo das Américas, atingindo 5,8 % da população.
Os dados, que já eram preocupantes, se agravaram ainda mais após o início da pandemia. Estima-se que os transtornos mentais aumentaram cerca de 80%.
O isolamento, as incertezas da situação, a instabilidade no mercado de trabalho e a falta de contato social fizeram com que quadros se agravassem e levantaram uma questão ainda maior sobre os cuidados com a saúde mental e emocional de cada um.
Além do luto, as pessoas passaram a mudar a sua forma de trabalho e começaram também a viver com um medo constante.
Como consequência, elas se tornaram mais ansiosas, sobrecarregadas e depressivas. Nota-se também que a quantidade de substâncias psicoativas aumentou consideravelmente, principalmente o álcool.
Portanto, mais do que nunca, é preciso ficar atento aos sinais de que alguma coisa está errada e buscar ajuda de um profissional qualificado.
Psicofobia e o tabu dos tratamentos psiquiátricos
O cuidado com a saúde mental pode, muitas vezes, ser visto como “frescura” ou “coisa de gente louca”. Na verdade, cuidar da saúde mental e visitar um psiquiatra deveria ser considerado normal, assim como qualquer outra condição física, como dor de cabeça ou estômago. O preconceito com questões mentais também tem um nome: psicofobia.
O médico psiquiatra estuda e é formado exatamente para que ele possa dar um diagnóstico, de que a condição patológica está presente ou não. Somente ele consegue diferenciar se é apenas tristeza ou algum tipo de depressão, ou se a sua ansiedade é apenas um medo natural do corpo ou está prejudicando seu dia a dia.
Quanto antes o diagnóstico for feito, maiores as chances de sucesso no tratamento. Por isso, não tenha medo de visitá-lo se começar a achar que há algo de errado.
O tratamento com um psiquiatra pode durar semanas, meses ou até anos, e você não deve se sentir aflito por achar que vai ficar “dopado” de remédios ou viciado em algum tipo de medicação. Quando o diagnóstico é feito, o objetivo do psiquiatra é que você tenha mais qualidade de vida, e não ao contrário.
Sempre pense que, quando você nota algo estranho na sua pele, por exemplo, você imediatamente procura um dermatologista. Então por que não procurar um psiquiatra quando sente algo incômodo com seus pensamentos?
Muitas vezes, a insônia, a falta de apetite e outras mudanças no comportamento podem estar ligadas a desequilíbrios químicos do cérebro, fatores que podem alterar a nossa rotina e a qualidade de vida. Essas questões muitas vezes podem ser diagnosticadas por um psiquiatra.
A quais sinais devo ficar atento?
Você pode estar se perguntando a quais sinais você tem de ficar atento caso a sua saúde mental esteja comprometida. Até porque os indícios podem ser facilmente confundidos.
É importante lembrar que o medo é um sentimento natural do ser humano e está presente no nosso dia a dia. O problema é quando ele aparece de forma exacerbada e começa a atrapalhar o cotidiano.
A preocupação normal do ser humano não interfere no dia a dia, é controlável, não causa sofrimento, é passageira e se limita a fatos realistas e a situações específicas.
Passa a ser um problema e sinalizar a ansiedade generalizada quando essas preocupações causam sofrimento de forma significativa, são intensas, perturbadoras e existem em tempo integral, interferindo na rotina.
Aqui podemos citar também as diferenças entre “medo” e “fobia”. Enquanto o medo é natural e nos protege de situações perigosas, a fobia é um medo exagerado e desproporcional ao perigo.
Quanto à tristeza e à depressão, ressaltamos que a primeira também é um sentimento normal do ser humano. Está ligada a um fato ocorrido, geralmente ligado a perdas, é passageira e limitada a situações específicas também.
Já quando falamos dos primeiros sinais de uma depressão, a tristeza se estende por várias semanas, tomando conta de toda a realidade do indivíduo. Caracteriza-se ainda por pensamentos invasivos, perda de interesse e principalmente alteração de sono, fome e libido.
Somente um profissional qualificado pode diagnosticar de fato se há a presença de uma doença ou não, mas é importante saber quais os primeiros sinais podem indicar um possível problema. Dessa forma, fica mais fácil saber quando procurar ajuda ou até mesmo aconselhar alguém próximo a procurar um profissional.
Como as empresas devem lidar com a saúde mental?
Com a chegada da pandemia, fatores que antes eram observados dentro do ambiente corporativo ficaram ainda mais em evidência. A sobrecarga de trabalho no home office e o medo de perder o emprego em uma situação tão complicada são questões que as empresas precisam aprender a lidar quanto antes.
Nomeações como Síndrome de Burnout e Boreout surgiram no decorrer dos anos, mas é necessário ficar atento para que novos nomes não sejam dados para condições já antes existentes. “O paciente procura um psiquiatra achando que está com uma dessas duas condições, quando na verdade isso é apenas decorrente de um transtorno de ansiedade ou depressão. Por isso, precisa ser avaliado”, reforça Dra. Yara.
As organizações devem, acima de tudo, se mostrar abertas para acolher pessoas com transtornos mentais, para que elas se sintam confortáveis para falar a verdade.
Quando há acolhimento e o colaborador se sente seguro, a tendência é que ele seja mais produtivo e criativo, trazendo benefícios não só para o contratante, mas também para o funcionário, que sente que não é só apenas um número e que seu trabalho realmente importa e faz a diferença.
As empresas precisam fortemente trabalhar para diminuir o estigma em torno das doenças mentais, incentivar que os problemas sejam compartilhados, promover o bem-estar do funcionário, assim como a diminuição do estresse.
Além dessas ações, iniciativas para a redução do preconceito com medicações psiquiátricas também devem ser promovidas, assim como avaliações psiquiátricas periódicas devem ser realizadas.
Manter os canais abertos para que esse tipo de diálogo aconteça dentro da empresa é benéfico para ambos os lados. As empresas do futuro precisam começar a colocar isso em prática, caso ainda não tenha sido feito.
Como posso me cuidar melhor?
Acima de qualquer coisa, o autoconhecimento é indispensável para que saibamos cuidar da nossa saúde mental. Aprender a reconhecer medos, virtudes, limites e angústias é o primeiro passo.
Falar sobre essas situações pode ser difícil, mas nos auxilia a lidar melhor com todos elas. Por isso, é tão necessário falar sobre o assunto e ressaltar a importância do cuidado com a saúde mental. Afinal, o cérebro é um órgão como qualquer outro.
A meditação, os exercícios físicos e o descanso são tão essenciais quanto procurar ajuda psicológica para checar se está tudo bem com você.
Estabelecer uma rotina de trabalho, fazer pausas e descansar acordado são ações necessárias para que seu cérebro se organize e seja produtivo na medida certa. Além disso, não se esqueça de reservar os momentos de lazer.
Não tenha medo de procurar um psiquiatra ou de uma possível medicação: ela foi feita apenas para auxiliar ainda mais na sua qualidade de vida.
Agora que você já sabe de tudo isso, que tal cuidar mais da sua saúde emocional e psicológica? Afinal, é ela que determina que todas as outras áreas da sua vida corram bem como deve ser. A Omint conta com profissionais especializados para ajudar você nessa jornada. Vamos juntos?