Diabetes mellitus: saiba o que é e como tratar

Entenda mais sobre os tipos, sintomas e tratamentos.

Publicado por Juliana Brito

28 de novembro de 2023

O Brasil é o sexto país com maior prevalência de diabetes no mundo e o primeiro na América Latina, conforme indicado pelo 10º relatório do Atlas do Diabetes de 2021, divulgado pela Federação Internacional de Diabetes (IDF).

Em 2021, o número de adultos diagnosticados com essa condição atingiu 15,7 milhões, e projeções no relatório apontam que até 2045 a prevalência da doença deverá afetar 23,2 milhões de adultos brasileiros.

Com o aumento constante dos casos a cada ano, torna-se essencial implementar medidas e estratégias eficazes para lidar com essa doença crônica, a fim de que, com o tratamento adequado, o paciente que tem diabetes possa ter qualidade de vida e um envelhecimento saudável.

Para que você entenda melhor o que é diabetes, seus tipos, sintomas, fatores de risco e quais são os tratamentos, montamos esse guia especial sobre o assunto.

Desejamos uma boa leitura!

 

O que é diabetes?

O diabetes mellitus é uma doença crônica identificada pela elevação da glicose no sangue (hiperglicemia). Ela é causada pela falta ou má utilização de insulina, o hormônio responsável pelo controle da glicose, umas das principais fontes de energia para o nosso corpo.

A principal função da insulina é promover a entrada de glicose nas células do organismo para que ela possa ser aproveitada para diversas atividades celulares. A falta da insulina ou um defeito na sua ação resulta em acúmulo de glicose no sangue, conhecida como hiperglicemia.

 

Quais os tipos de diabetes?

Atualmente, sabemos que existem diversas condições que podem levar ao diabetes, contudo, a maioria dos casos está dividida em dois grupos: diabetes tipo 1 e diabetes tipo 2. E quais são as diferenças entre elas?

 

Diabetes tipo 1

O diabetes tipo 1 é uma doença crônica não transmissível e hereditária que geralmente se desenvolve durante a infância e a adolescência, sendo caracterizada pela falta na produção adequada de insulina pelo pâncreas, e por isso se faz necessário aplicar injeções diárias desse hormônio no corpo, por isso o nome de insulinodependente.

É importante destacar que adultos também podem apresentar essa condição, e nesses casos, apesar da doença se instalar ainda na infância, suas manifestações aparecem apenas na fase adulta.

De acordo com o Ministério da Saúde, o tipo 1 se concentra entre 5% e 10% do total de diabéticos no Brasil.

Além disso, é indicado que pessoas com parentes próximos que têm ou tiveram a doença façam exames regularmente para acompanhar a glicose no sangue.

 

Diabetes tipo 2

Ainda, segundo o Ministério da Saúde, cerca de 90% dos pacientes diabéticos no Brasil têm o tipo 2.

No caso do diabetes tipo 2, as células são resistentes à ação da insulina e o corpo não aproveita adequadamente a insulina produzida.

Ao contrário do tipo 1, o diabetes tipo 2 inicialmente não requer dependência de insulina.

A causa do tipo 2 está diretamente relacionado a sobrepeso, sedentarismo, triglicerídeos elevados, hipertensão e hábitos alimentares inadequados.

Essa variação da doença costuma ser assintomática, e os sintomas ocorrem geralmente na idade adulta (após os 40 anos). Os sintomas mais frequentes são polidipsia (excesso de sede), polifagia (muita fome e come muito) e poliuria (quantidade excessiva de diurese durante o dia). Há também a possibilidade de complicações tardias (renais, oftalmológicas e neuropáticas), associadas a lesão de órgãos alvo em virtude do excesso de açúcar.

Por todas essas razões, é fundamental o controle rigoroso do nível de açúcar no sangue, além de realizar acompanhamento médico mutiespecialidade e multidisciplinar para tratar também dessas outras doenças, que podem aparecer com o diabetes.

 

Diabetes gestacional

O diabetes gestacional ocorre durante a gravidez. Em geral, está relacionado ao aumento das taxas de açúcar no sangue, em resposta ao próprio metabolismo da gestante, e ganho excessivo de peso durante a gravidez, mas as taxas glicêmicas ainda ficam abaixo do valor para ser classificada como diabetes tipo 2.

Esse tipo de diabetes afeta de 2% e 4% de todas as gestantes e implica risco aumentado do desenvolvimento posterior de diabetes para a mãe e o bebê.

Portanto, todas as gestantes devem fazer regularmente o exame de diabetes durante o pré-natal.

 

Pré-diabetes

O pré-diabetes ocorre quando os níveis de glicose no sangue estão mais altos que o normal, mas ainda não se caracterizam como diabetes tipo 2.

Esse é um sinal de alerta, pois, nesse caso, o paciente tem potencial para desenvolver a doença, principalmente pessoas com fatores de risco, como sobrepeso, obesidade, hipertensão e histórico familiar de diabetes.

Com a ajuda de hábitos saudáveis na alimentação e a prática de atividade física, os pré-diabéticos podem retardar a evolução e complicações da doença.

 

Outros tipos

Os outros tipos de diabetes são mais raros e em geral são decorrentes de defeitos genéticos associados com outras doenças ou uso de medicamentos.

Alguns casos podem ser: defeitos genéticos da função da célula beta, defeitos genéticos na ação da insulina, doenças do pâncreas (pancreatite, tumores pancreáticos, hemocromatose) e uso de certos medicamentos (diuréticos, corticoides, betabloqueadores, contraceptivos etc.).

 

Como saber se estou diabético?

Além do exame de sangue, que é primordial para a identificação da doença, os principais sintomas de diabetes são listados a seguir.

 

Diabetes tipo 1

  • Fome frequente
  • Sede constante
  • Vontade de urinar diversas vezes ao dia
  • Perda de peso
  • Fraqueza
  • Fadiga
  • Mudanças de humor
  • Náusea e vômito

 

Diabetes tipo 2

  • Fome frequente
  • Sede constante
  • Formigamento nos pés e nas mãos
  • Vontade de urinar diversas vezes
  • Infecções frequentes na bexiga, nos rins e na pele
  • Feridas que demoram para cicatrizar
  • Visão embaçada

 

Fatores de risco

O diabetes tipo 1 é uma doença autoimune, ou seja, ela ocorre quando o sistema imunológico ataca o próprio corpo, no caso o pâncreas, levando a um falha na produção da insulina. Diferentemente do diabetes tipo 2, que geralmente está relacionado a fatores como o estilo de vida, o tipo 1 tem forte componente genético envolvido.

Além de ser uma condição complexa e multifatorial, existem vários fatores que podem aumentar o risco de desenvolvimento do diabetes. Dentre eles, destacam-se o sedentarismo e a obesidade. Outros elementos influentes incluem ainda:

  • pais ou irmãos com diabetes;
  • pressão arterial igual ou superior a 140/90 mmHg ou ter sido tratado para pressão alta;
  • síndrome do ovário policístico;
  • HDL, o colesterol “bom” abaixo de 35 mg/dL;
  • triglicérides acima de 250 mg/dL;
  • ter tido diabetes gestacional, ou ter dado à luz a pelo menos um filho pesando mais que 4 kg;
  • doença cardiovascular;
  • resistência à insulina.

A boa notícia está no fato de que a maioria dos fatores de risco para o desenvolvimento do diabetes tipo 2 pode ser controlada, o que contribui para evitar o surgimento de outras doenças e complicações mais graves.

Manter o cuidado sobre esses fatores e conhecer as formas de controlá-los é essencial para uma vida mais equilibrada.

 

Tratamentos

Antes de falarmos sobre os tratamentos, é importante salientar que, independentemente do tipo do diabetes, ao surgirem os sintomas, é essencial que o paciente procure atendimento médico especializado para identificação e início ao tratamento mais adequado.

 

Tipo 1

Para os pacientes que apresentam diabetes tipo 1, a forma de tratamento é a aplicação diária de insulina para manter a glicose no sangue em valores considerados adequados.

Para melhor acompanhamento, é fundamental que o paciente tenha fácil acesso ao aparelho medidor, chamado glicosímetro. Ele é capaz de medir a concentração de glicose no sangue todos os dias e na frequência indicada pelo médico.

A aplicação da insulina deve ser realizada diretamente na camada de células de gordura do corpo, logo abaixo da pele, sendo que os locais mais indicados são barriga, coxa, braço, região da cintura e glúteo.

Em alguns casos, há médicos que prescrevem medicamentos via oral durante o tratamento, além, é claro, da indicação de uma boa alimentação, regularidade em atividades físicas e o acompanhamento periódico com o especialista.

 

Tipo 2

Já para os pacientes portadores do diabetes tipo 2, é mais comum um tratamento que visa a identificar o grau e as condições de cada indivíduo, para assim seguir com o protocolo mais adequado.

Existem algumas variações de remédios que são indicadas para determinadas necessidades. Os inibidores de alfaglicosidade impedem a digestão e a absorção de carboidratos no intestino.

Os sulfonilureais são responsáveis por estimular a produção pancreática de insulina pelas células, enquanto as glinidas estimulam a produção de insulina pelo pâncreas.

Quando falamos que o diabetes tipo 2 traz em sua essência questões multifatoriais, não é à toa. Geralmente ele vem acompanhado de problemas como a obesidade, a hipertensão e o sedentarismo, que precisam ser igualmente controlados e tratados, para um bom controle do diabetes

Nesses casos, é essencial manter, além do médico responsável pelo acompanhamento do diabetes, outros especialistas que possam somar esforços e atuar em relação às demais condições.

 

É possível prevenir a diabetes?

A prevenção do diabetes é possível no tipo 2, que está fortemente associado a fatores como o estilo de vida.

Alguns bons hábitos como praticar atividade física regular, parar de fumar, evitar o consumo de álcool e trabalhar na gestão do estresse também desempenham papéis importantes na prevenção do diabetes tipo 2.

Receber o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar, composta por médicos, nutricionistas, educadores físicos e psicólogos, é essencial para uma abordagem abrangente na prevenção do tipo 2.

Esses profissionais colaboram de maneira integrada, oferecendo orientações personalizadas e estratégias específicas para promover hábitos de vida saudáveis.

Além disso, essa abordagem permite monitorar fatores de risco, ajustar planos de alimentação de acordo com as necessidades individuais, oferecer suporte emocional para enfrentar desafios e realizar exames regulares para detectar precocemente quaisquer alterações nos níveis de glicose ou outros indicadores de saúde.

Agora que você já sabe mais sobre a doença do diabetes, que tal compartilhar com quem também precisa dessas informações?

Até a próxima!

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