Câncer de colo de útero: como se desenvolve, tratamentos e prevenção

Como prevenir e detectar precocemente o câncer de colo de útero? Confira no nosso artigo!

Publicado por Morgana Parisi

27 de março de 2024

O câncer de colo de útero é o terceiro mais comum entre as mulheres no Brasil, conforme consta no relatório anual 2022 “Dados e números sobre câncer de colo do útero”, divulgado pelo INCA.

No relatório, consta que a região Norte apresenta a maior incidência da enfermidade, com 26,24 casos por 100 mil mulheres, seguida pelas regiões Nordeste, com 16,10/100 mil, e Centro-Oeste, com 12,35/100 mil.

As regiões Sul e Sudeste ocupam, respectivamente, a quarta e a quinta posição, com 12,60/100 mil e 8,61/100 mil mulheres afetadas pelo câncer de colo uterino.

Os dados são preocupantes e escancaram a necessidade de disseminar informações e orientações sobre a doença, como ela se desenvolve, o que causa câncer de colo de útero, fatores de risco e prevenção.

E, para falar com propriedade sobre o tema, entrevistamos a Dra. Carolina Ambrogini, ginecologista e médica credenciada Omint. Acompanhe o texto e boa leitura!

O que é câncer de colo de útero?

O colo do útero, também conhecido como cérvix uterino, é a parte inferior do útero localizado no final da vagina. Ele é responsável pelo dilatamento no momento do parto, permitindo que o bebê passe pelo canal.

O colo do útero contém glândulas produtoras de muco que ajudam a proteger o útero de infecções, além de ser composto por tecido conjuntivo e muscular.

Uma de suas principais funções é servir como escudo para impedir a entrada de bactérias e outros microrganismos no útero.

O câncer de colo de útero, que também é conhecido como câncer cervical, é um tipo de tumor que começa a se desenvolver silenciosamente nas células do colo do útero, passando por lesões até atingir a fase mais crítica da doença.

A principal causa da enfermidade ocorre devido a infecção causada pelo papilomavírus humano (HPV), transmitido principalmente através de relações sexuais desprotegidas.

Mesmo sendo uma doença assintomática nos estágios iniciais, pode ser detectada por meio de exames preventivos.

Como o câncer de colo de útero se desenvolve?

O colo do útero é uma região vulnerável a diversos fatores, sendo o HPV o principal agente causador do câncer de colo de útero.

O câncer cervical evolui de forma lenta, o que colabora para o diagnóstico precoce. Contudo, quando demora para ser detectado e tratado, ele pode invadir outras partes do corpo, como o útero e a vagina, permitindo, assim, que as células cancerosas entrem na circulação sanguínea, podendo chegar a fase de metástase.

Quais são os sintomas de câncer de colo de útero?

Por ser uma doença silenciosa, é possível que não haja sintomas até o estágio mais avançado da doença. Por isso, faz-se necessário o acompanhamento preventivo com consultas e exames regulares, a fim de detectar precocemente.

No entanto, existem alguns sintomas que podem ser um indicativo do surgimento do câncer.

“Sempre que a mulher tiver sangramentos fora do ciclo menstrual, fluxo abundante, cólicas além do habitual, sangramento pós relação sexual ou dor na relação, é importante ir ao ginecologista”, explica a Dra. Carolina Ambrogini.

Quando a doença já está em estágios avançados, ainda pode causar:

  • fadiga excessiva;
  • dor lombar;
  • perda de peso;
  • edema nas pernas.

A especialista complementa: “Quando a doença está amplamente disseminada, podem ocorrer hemorragias e dores abdominais. Portanto, após o diagnóstico, deve ser feito um estadiamento do câncer, a partir da ressonância magnética”.

Principais fatores de risco

Dentre os fatores de risco para o câncer de colo do útero, está o HPV. “Muitos casos de câncer de colo de útero são causados pelos vírus HPV de alto risco, ou seja, através do sexo sem preservativo”, explica a Dra. Carolina Ambrogini.

É importante ressaltar que não são todas as infecções pelo HPV que evoluem para o câncer, sendo que as principais lesões com tendência ao desenvolvimento da enfermidade estão relacionadas ao tipo 16 e 18.

Alguns outros fatores envolvem:

  • tabagismo;
  • infecção múltipla pelo HPV;
  • atividade sexual com múltiplos parceiros.

Estágios do câncer de colo de útero

Os estádios do câncer de colo de útero variam de 1 a 4, tendo a seguinte classificação:

Estágio I: o câncer está presente apenas no colo do útero e não se espalhou para outros órgãos.

Estágio II: é identificado células cancerosas próximas ao colo do útero, como a parte superior da vagina.

Estágio III: o câncer de colo uterino já se espalhou para a parte inferior da vagina ou para os tecidos ao redor do útero.

Estágio IV: o câncer já alcançou órgãos distantes, como bexiga, intestino ou pulmões.

Após o diagnóstico do câncer de colo de útero, é essencial determinar em qual estágio a doença se encontra. Esse processo, conhecido como estadiamento, ajuda a planejar o tratamento mais adequado e prever o prognóstico da paciente.

Geralmente, o estadiamento é realizado por meio de exames de ressonância magnética, que oferecem uma visão detalhada da extensão do câncer e sua disseminação.

O estadiamento preciso do câncer de colo de útero é essencial para guiar as decisões terapêuticas, incluindo a seleção de tratamentos cirúrgicos, radioterapia, quimioterapia ou uma combinação dessas abordagens.

Quanto mais cedo o câncer for diagnosticado e estadiado, maiores são as chances de um tratamento bem-sucedido e uma melhor qualidade de vida para a paciente.

Como o câncer de colo de útero afeta a fertilidade?

A especialista explica que, em estágios iniciais, especialmente o 1A2, onde o câncer está confinado no colo do útero, existe a possibilidade de preservar a fertilidade. “Nesses casos, pode-se optar pela remoção cirúrgica apenas do colo do útero, permitindo que a mulher mantenha a capacidade de engravidar no futuro”, complementa.

É importante ressaltar que, nesse caso ainda pode ser necessário uma cirurgia adicional para fechar o colo do útero, a fim de garantir uma gestação mais segura.

Contudo, na maioria dos casos e quando o câncer está mais avançado, a fertilidade não pode ser preservada. Isso ocorre porque o tratamento necessário pode envolver procedimentos mais invasivos, como a histerectomia total (remoção completa do útero) ou radioterapia.

Ambos os procedimentos impossibilitam a mulher conceber e levar uma gravidez adiante. Pacientes na condição da doença e que desejam engravidar, devem discutir as opções de tratamento com o médico, considerando os impactos na fertilidade.

Existe cura para o câncer de colo de útero?

O sucesso do tratamento depende do estágio em que o câncer é diagnosticado. A Dra. Carolina Ambrogini complementa: “Para o câncer em si, existe tratamento, mas depende do estadiamento em que ele foi diagnosticado. Se descoberto em estágios iniciais, a cura é uma possibilidade real”.

Portanto, descobrir lesões precoces antes que se tornem câncer é fundamental para a saúde ginecológica da mulher.

Consultas regulares com o especialista são parte desse processo, já que essas irregularidades geralmente não apresentam sintomas visíveis.

Vacina contra o HPV

Atualmente, existem dois tipos de vacinas contra o HPV disponíveis globalmente.

As vacinas oferecem proteção contra os subtipos 16 e 18 do vírus HPV, considerados de alto risco e frequentemente associados à ocorrência de câncer cervical.

As versões mais recentes da vacina ampliam essa proteção para além desses subtipos, incluindo um total de nove subtipos, o que aumenta a eficácia da vacina na prevenção do câncer de colo uterino para cerca de 90%.

A vacinação contra o HPV é recomendada principalmente para meninas entre 9 e 14 anos, antes do início da atividade sexual, com a opção de uma ou duas doses. Para meninas com sistema imunológico comprometido, idealmente são administradas duas ou três doses. Ambas as vacinas podem ser dadas até os 45 anos em homens e em mulheres na rede privada.

É importante ressaltar que a vacina pode ser aplicada até os 45 anos em homens e mulheres na rede privada.

Além disso, alguns países têm adotado a vacinação para homens a fim de reduzir ainda mais a prevalência do HPV na comunidade e prevenir cânceres relacionados ao HPV entre esse público.

Opções de tratamento

Você sabe como é tratado o câncer de colo de útero? As opções variam de acordo com a disseminação da doença.

Em estágios iniciais, como até 1B1, a cirurgia é frequentemente recomendada. Em casos de estadiamento 1A2, onde o câncer está confinado ao colo do útero, é possível realizar uma cirurgia conservadora, retirando apenas o colo do útero se houver o desejo reprodutivo da paciente.

Se o câncer progredir além desses estágios iniciais, outras opções de tratamento, como a radioterapia, podem ser necessárias.

A radioterapia pode ser administrada externamente, onde a radiação é direcionada para a área afetada do colo do útero, ou internamente, através de um implante de radiação chamado braquiterapia.

A quimioterapia também pode ser recomendada como parte do tratamento do câncer de colo do útero, especialmente em estágios mais avançados da doença.

Ela é realizada antes da cirurgia para reduzir o tamanho do tumor, após a cirurgia para destruir quaisquer células cancerígenas remanescentes ou em combinação com a radioterapia para aumentar sua eficácia.

A escolha do melhor tratamento depende de diversos fatores, como o estágio do câncer e a saúde geral da paciente.

Possíveis efeitos colaterais do tratamento

Assim como em muitos tratamentos oncológicos, há efeitos colaterais a considerar no tratamento de câncer de colo de útero. A Dra. Carolina Ambrogini explica que um dos mais significativos é o encurtamento da vagina, tanto resultante da cirurgia quanto da radioterapia.

Além disso, a questão da fertilidade torna-se uma preocupação. Dependendo do estágio da doença, procedimentos como a histerectomia ou a radioterapia podem eliminar a possibilidade de gravidez, impactando tanto na saúde reprodutiva quanto no emocional.

No caso da radioterapia, há também o risco de comprometimento do intestino e bexiga, levando o paciente a ter sintomas gastrointestinais e urinários, afetando a qualidade de vida e exigindo cuidados adicionais.

A prevenção é a chave para reduzir o desenvolvimento da doença

Uma das formas de como prevenir o câncer de colo de útero é investindo em exames de rotina, como o Papanicolau e manter consultas em dia com o médico ginecologista, são medidas essenciais para detectar precocemente qualquer alteração nas células cervicais.

A importância da vacinação contra o HPV é uma forma essencial de prevenção contra o câncer de colo de útero.

Ela é recomendada para todas as mulheres até 45 anos, mesmo aquelas que já tiveram contato com o vírus, isso porque a infecção pelo HPV não confere imunidade definitiva, deixando a pessoa suscetível a reinfecções.

A Dra. Carolina Ambrogini apresenta mais dicas de prevenção. Confira no vídeo a seguir:

Educação e conscientização sobre o que é a doença, formas de contrair, sintomas e tratamento, fazem parte do processo de prevenção. E, somar a tudo isso a adoção de hábitos saudáveis no cotidiano ajuda a minimizar a incidência da patologia.

Quem você acredita que possa se interessar por esse tema? Compartilhe esse conteúdo e até a próxima!

 

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