Cirurgia ortognática: quando é necessária e como funciona o processo?

Publicado por Juliana Brito

11 de fevereiro de 2025

Muitas pessoas enfrentam dificuldades na mastigação, na respiração ou até mesmo na fala sem saber que a causa pode estar na estrutura óssea do rosto. A cirurgia ortognática surge como uma solução para corrigir essas alterações, proporcionando melhora funcional e qualidade de vida.

O procedimento realizado para corrigir discrepâncias dentofaciais muitas vezes é visto apenas com o objetivo estético. Mas sua principal função é proporcionar equilíbrio entre a face e o crânio. No entanto, como qualquer cirurgia, demanda indicação de um profissional.

Neste artigo, vamos explorar tudo sobre a cirurgia ortognática, desde as indicações até o pós-operatório, esclarecendo dúvidas e trazendo informações baseadas na ciência. Confira!

Antes de tudo, duas curiosidades

De acordo com uma revisão sobre o tema, publicada em 2021 na Brazilian Journal of Health Review, a cirurgia ortognática começou a ser documentada no século 15, mas apenas no século 20 surgiram técnicas mais seguras, devido ao avanço da anestesia e dos métodos cirúrgicos.

Além disso, a Segunda Guerra Mundial foi um grande impulsionador do desenvolvimento da ortognática, pois os estudos se voltaram para a reabilitação de soldados com lesões faciais.  Agora, vamos explorar as informações práticas sobre o tema!

Quais são as indicações para a cirurgia ortognática?

A cirurgia ortognática é indicada nos casos detalhados a seguir.

  • Má-oclusões severas: quando o alinhamento dos dentes e da mordida não pode ser corrigido apenas com tratamento ortodôntico.
  • Problemas respiratórios: pacientes com apneia do sono ou dificuldades respiratórias devido à estrutura facial podem se beneficiar do procedimento.
  • Dor crônica na articulação temporomandibular (ATM): quando associada a um crescimento inadequado dos ossos maxilares.
  • Dificuldades na mastigação e deglutição: quando os dentes não se encontram corretamente para processar os alimentos.
  • Assimetrias faciais: desarmonias entre maxila e mandíbula que afetam a funcionalidade e o bem-estar.
  • Casos de deformidades congênitas ou adquiridas: como fissuras labiopalatinas e traumas faciais que comprometem a harmonia facial.

Como funciona o diagnóstico e planejamento?

O sucesso da cirurgia ortognática depende de um planejamento detalhado, que inclui:

  • exames clínicos e radiográficos, como telerradiografias e tomografia computadorizada;
  • discussão de alternativas de tratamento para garantir que a cirurgia seja a melhor opção disponível;
  • modelos de gesso ou planejamento virtual tridimensional para previsão dos resultados;
  • avaliação interdisciplinar com ortodontistas, fonoaudiólogos e psicólogos para garantir uma abordagem holística;
  • uso de softwares de simulação para prever o impacto da cirurgia na funcionalidade e na estética do paciente.

Qual é a principal orientação pré-cirúrgica?

Se você está considerando esse procedimento, é essencial compreender todos os detalhes antes de se submeter a ele, incluindo riscos, benefícios e limitações. O cirurgião deve fornecer informações claras e documentadas, assegurando que você possa tomar uma decisão bem fundamentada. Esse processo é conhecido como Consentimento Livre e Informado, um direito do paciente e uma responsabilidade ética do profissional.

Além disso, todo o tratamento deve ser devidamente registrado, incluindo exames pré e pós-operatórios, fotografias e anotações sobre a evolução do caso. Essa documentação não apenas auxilia no acompanhamento da recuperação, mas também protege os direitos do paciente e do profissional.

Confira em vídeo o Dr. Marcus Azevedo do Amaral, cirurgião bucomaxilofacial e coordenador do Núcleo Técnico de Odontologia da Omint, explicando mais sobre o tema:

Como é o procedimento cirúrgico?

O procedimento é realizado sob anestesia geral e pode durar de 3 a 6 horas, dependendo da complexidade do caso.

Além disso, a hospitalização varia entre 24 e 48 horas. É importante saber que, atualmente, o procedimento pode envolver diferentes técnicas cirúrgicas, conforme a necessidade do paciente. Confira!

  • Osteotomia Le Fort I: utilizada para movimentação da maxila, corrigindo a relação entre maxila e mandíbula.
  • Osteotomia Sagital de Ramo Mandibular: realizada para avanço ou recuo da mandíbula.
  • Fixação interna: uso de miniplacas e parafusos de titânio para estabilizar os ossos nas novas posições.

Como é o pós-operatório e a recuperação da cirurgia ortognática?

Esse é um ponto de preocupação para a maioria dos pacientes. Afinal, por se tratar de um procedimento invasivo, exige paciência e cuidados específicos. O acompanhamento pós-operatório se estende por meses.

Seguem algumas orientações gerais para quem precisa passar pela cirurgia.

  • Edema e dor: comuns nos primeiros dias, podem ser controlados com medicação e compressas frias.
  • Dieta líquida e pastosa: mantida por algumas semanas para evitar esforço excessivo na mastigação.
  • Fisioterapia e fonoterapia: para reabilitação da função muscular e adequação dos movimentos da face.
  • Acompanhamento ortodôntico: para ajustes finais e estabilidade do resultado.
  • Cuidados com a fala: exercícios específicos podem ser recomendados para readaptação da musculatura oral.
  • Atenção às possíveis complicações: inchaços repentinos, vermelhidão na pele após a primeira semana da cirurgia, saída de secreções pelas feridas da cirurgia ou mudanças muito grandes nos contatos dos dentes durante o período de cicatrização 

Conclusão

A cirurgia ortognática é um procedimento complexo, mas essencial para pacientes com deformidades dentofaciais significativas. Com diagnóstico preciso, planejamento adequado e cuidados pós-operatórios, é possível transformar a qualidade de vida dos pacientes.

É importante lembrar que o seu sucesso depende de um planejamento multidisciplinar, da adesão do paciente ao pós-operatório e de uma abordagem humanizada para garantir bem-estar funcional e emocional.

Se você está enfrentando algum dos problemas descritos ou conhece alguém que possa se beneficiar dessas informações, compartilhe esse artigo! Até a próxima!

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