Quando a nossa voz está ali, sempre disponível, mal conseguimos perceber a importância dela. Mas as coisas se tornam bem diferentes para quem percebe que pode comprometê-la, pelas mais diferentes atividades.
Hoje temos amplo conhecimento sobre a nossa capacidade de utilizar a fala para expor ideias e pensamentos, mas ainda existem muitas dúvidas em torno do assunto. Pensando nisso, conversamos com especialistas da nossa rede credenciada para esclarecer tudo relacionado à fala e aos cuidados com a voz.
Neste artigo você irá conferir:
- O que é a fala?
- Volume e tom de voz
- Cochichar não resolve
- Quando meu filho vai começar a falar?
- O papel dos dentes
- Quando o problema não é físico
- Falar para se entender
- Alternativas para a fala
- Como a alimentação reflete na voz?
- Dicas de cuidados com a voz
1. O que é a fala?
Falar é um conjunto de som, entonação, articulação, intensidade e ritmo, mas não só isso. Independentemente da forma como se fala, a característica principal deve permanecer a mesma: eficiência em se fazer compreender. De acordo com a Dra. Renata Soneghet, não podemos pensar apenas no processo mecânico. Falar também inclui gestos, postura corporal e expressões faciais. “A pessoa pode ser brilhante no conteúdo, mas, se não se apropria da fala de forma persuasiva, não adianta”. A fonoaudióloga explica que fatores físicos como altura, peso e posição da laringe no pescoço têm tudo a ver com o timbre da voz. As alterações hormonais também costumam influenciar. É por isso, por exemplo, que no período menstrual algumas mulheres podem ter leve rouquidão, já que a retenção de líquido deixa as cordas vocais mais inchadas.
2. Volume e tom de voz
O volume da voz não é uma questão física, como citado no tópico anterior: ele está mais relacionado ao comportamento de cada indivíduo. “Não vemos uma pessoa extrovertida falando baixo ou alguém muito tímido falando alto”, diz a Dra. Renata Soneghet, que continua: “Além disso, a gente vai modulando a nossa fala de acordo com a do outro”. Já o tom da voz está diretamente relacionado à laringe, onde ficam as pregas vocais. É o tamanho, a largura e a idade delas que determinam como vamos soar. Isso diferencia a voz do adulto da voz de uma criança, por exemplo. Também explica por que algumas pessoas conseguem atingir certos tons com mais facilidade: apesar de algumas laringes serem mais favoráveis à performance musical, é possível treinar a voz com técnicas específicas. “A gente não fala para uma pessoa baixinha ser uma atleta de salto a distância, mas ela pode conseguir com muito treino, ainda que com mais dificuldade do que alguém que tem as pernas longas”, compara.
3. Cochichar não resolve
Alguns profissionais precisam dar atenção especial aos seus aparelhos fonadores, já que utilizam a voz durante horas seguidas. É o caso de professores e cantores. A elite dos puxadores de samba também costuma contar com sessões de Fonoaudiologia ao longo do ano para manter os cuidados com a voz antes de cantar. Mas, quando se trata da voz, os extremos não resolvem: cochichar também pode gerar lesões. “Em algumas doenças, como Parkinson, o paciente costuma perder a força dos músculos e a gente faz o tratamento contrário, introduzindo exercícios de impacto para dar mais tônus. A orientação é pensar alto e falar alto, para modular assim”.
4. Quando meu filho vai começar a falar?
As primeiras palavras costumam surgir quando a criança está com um ano de idade, mas os pais geralmente ficam ansiosos se demora um pouco mais. De acordo com o Dr. Fábio Watanabe, em alguns casos, o atraso pode merecer investigação, mas é importante lembrar que a fala é resultado de muitos fatores, já que a criança aprende pelo estímulo, principalmente de outros seres humanos. O pediatra diz que, por isso, devemos tomar cuidado ao expor os pequenos a muita tecnologia, pois isso pode influenciar no surgimento da voz.
“Ela faz parte da vida do século 21, mas seu uso tem de ser racional, com início mais tardio, porque o excesso pode ser prejudicial para o desenvolvimento da fala”, aponta. Quando há atraso nesse desenvolvimento, a investigação do pediatra começa pela audição, já que, se a criança não puder ouvir, também não conseguirá reproduzir os sons. Se o problema não é auditivo, pode ser motor. “Nosso cérebro também tem de produzir alguns estímulos, como abertura de boca e posicionamento de língua”.
5. O papel dos dentes
Dentes, lábios, língua, bochechas e palato compõem um sistema que também influencia na fala. “Sem todas as estruturas equilibradas, podem acontecer falhas e a voz ficar diferente”, explica o Dr. Rodrigo Foronda. Segundo o cirurgião bucomaxilofacial, quando esse sistema é alterado, quase é preciso reaprender a falar, treinando essas estruturas na nova posição. “É por isso que quem usa prótese dentária ou mesmo uma criança que está trocando os dentes pode experimentar alguma dificuldade na formação de alguns fonemas, especialmente na fase de adaptação”.
6. Quando o problema não é físico
Algumas pessoas podem apresentar dificuldade para falar em determinadas situações, e isso não quer dizer que seja um problema físico. Segundo a psicoterapeuta e psicanalista Dra. Suzete Louzã, trata-se de um transtorno psicológico conhecido como mutismo seletivo. “O tratamento não é o de exigir que a pessoa fale, mas de conquistar sua confiança para determinar a causa do problema”. A estratégia é uma das bases da psicoterapia e da psicanálise, ciências que utilizam a fala para tratar diversas enfermidades da mente e do corpo. “É bom lembrar que pacientes mudos também podem receber tratamento psicológico em Libras – basta que o profissional também seja fluente”.
7. Falar para se entender
A fala constante também pode ter origem psicológica, como ansiedade. No entanto, só falar do problema sem desenvolvê-lo não costuma ser muito útil. “As questões precisam ser trabalhadas de forma mais profunda ou os sintomas voltam”, explica a psicoterapeuta e psicanalista Dra. Suzete Louzã. Por isso, falar sozinho pode até ser um caminho saudável, já que o diálogo consigo mesmo é uma forma de se entender, seja em voz alta, seja em pensamento.
8. Alternativas para a fala
Alguns procedimentos podem deixar sequelas na voz, como rouquidão e até a perda total. É o caso de tratamentos na laringe, por exemplo. Segundo a Dra. Elisabete Carrara, fonoaudióloga especializada no tratamento de distúrbios da voz, isso impacta bastante a vida dos pacientes. Felizmente, há alternativas. “É possível maximizar as estruturas que existem. Se a pessoa perde uma corda vocal, há exercícios para fazer com que a outra trabalhe o dobro. Essa é a parte bonita, pois as estruturas que ficam têm capacidade muito grande de compensar as que faltam”.
Em casos extremos, em que a laringe é afetada, é possível ensinar o esôfago a falar. É a chamada voz esofágica. “A voz é feita de ar, então a pessoa precisa aprender a colocar ar no esôfago”, explica. Também existe a via cirúrgica, com a colocação de uma prótese que permite essa produção da voz pelo canal. Outras opções são a laringe eletrônica, que resulta em uma voz mais robotizada, e a prótese fonatória, que desvia o ar da traqueia para produzir o som.
9. Como a alimentação reflete na voz?
Alguns alimentos podem ser prejudiciais para a voz. É o caso de bebidas gasosas, cafeína, chocolate e frituras, que causam refluxo gastroesofágico, chegando às pregas vocais e irritando a garganta. Por isso, para manter o aparelho fonador saudável é importante tomar alguns cuidados com a alimentação. Deve-se buscar ingerir proteínas, grãos, legumes e frutas, como a maçã, que ajuda a limpar as cordas vocais e causa sensação de frescor. Vale lembrar que ficar muitas horas em jejum e não mastigar bem os alimentos também podem ser prejudiciais para o estômago e, por consequência, para a voz.
10. Dicas de cuidados com a voz
1. Beba água: O ideal é pelo menos dois litros por dia, em temperatura ambiente.
2. Não exagere: Fumantes têm 10 vezes mais chances de adquirir câncer de laringe – quando o fumo é associado ao álcool esse número sobre para 43.
3.Aqueça e desaqueça: Há exercícios específicos para auxiliar cantores ou outros profissionais que trabalham com a voz, antes e depois. Cantar por duas horas é como correr uma maratona!
4. Evite choque térmico: Tente tomar os primeiros goles de café ou de suco gelado um pouco mais devagar, para que as cordas vocais não sintam tanto o impacto.
5. Durma bem: É durante o sono que a voz descansa.
6. Evite os extremos: Falar alto ou gritar são ações agressivas para a voz – tanto quanto cochichar, abuso que pode gerar uma lesão na laringe.
7. Preste atenção: Rouquidão persistente pode ser apenas sinal de que a voz não está sendo bem usada, mas pode também indicar algo mais grave. Procure um especialista.
8. Limpe a área: A higiene oral inadequada pode causar problemas e, por fim, afetar a fala.
9. Não se engane: Em geral, pastilhas de farmácia apenas anestesiam a garganta, fazendo com que a pessoa force a voz sem perceber, o que pode causar lesões. O mesmo vale para spray de mel com própolis e gargarejo com água e vinagre.
10. Resista à tentação: Chocolate engrossa a saliva, o que dificulta a articulação e exige maior esforço das pregas vocais e do trato fonatório como um todo.
É importante cuidar da voz dando a importância que ela merece. Caso necessite de cuidados, busque um especialista. A Omint conta com uma rede credenciada de qualidade. Se você ainda não é um associado, peça ao seu corretor ou faça uma cotação pelo site.