A névoa mental, também conhecida como brain fog ou névoa cerebral, é um termo que descreve dificuldades cognitivas, como falta de concentração, esquecimento, confusão mental e sensação de “cabeça vazia”.
Embora não seja um diagnóstico médico formal, esse fenômeno afeta muitas pessoas e pode estar relacionado a diversos fatores, como fadiga, estresse, doenças neurológicas e deficiências nutricionais.
Neste artigo, exploramos as principais causas da névoa mental, seus sintomas e as melhores estratégias para prevenção e tratamento.
O que é a névoa mental?
A névoa mental se caracteriza por um conjunto de sintomas que compromete a clareza de raciocínio. As pessoas que a experimentam relatam dificuldade em organizar pensamentos, lembrar informações ou se concentrar em atividades cotidianas.
De acordo com especialistas da Yale Medicine, a brain fog é um dos principais sintomas associados à covid-19 longa, afetando aproximadamente metade dos pacientes que enfrenta a condição.
Artigo publicado pela Fiocruz indica que a névoa cerebral também pode ocorrer após outras infecções, como a herpes, e em pacientes que permanecem intubados em unidades de terapia intensiva (UTI).
No caso da covid-19, pesquisas buscaram identificar as conexões entre a infecção e as sequelas cognitivas por meio de exames, como tomografia computadorizada, eletroencefalograma e ressonância magnética.
No entanto, devido à complexidade do quadro, as investigações apontaram múltiplas variáveis. Avanço importante veio da análise do líquido cefalorraquidiano, onde se observou o aumento de citocinas inflamatórias, sugerindo a ligação entre a resposta imunológica exacerbada e os sintomas neurológicos.
Esse achado reforça a hipótese de que a inflamação cerebral pós-covid pode estar diretamente relacionada à névoa mental.
Embora seja comum em casos pós-virais, a névoa cerebral também pode ser sintoma de deficiências nutricionais, transtornos psicológicos e doenças crônicas.
Como identificar a névoa mental?
A névoa mental pode ser confundida com outros sintomas cognitivos, como esquecimento ocasional, cansaço extremo ou dificuldade de foco causada por fatores externos.
Para diferenciá-la de outras condições, é importante observar a frequência e a intensidade dos sintomas.
Diferenciando a névoa mental de outros sintomas cognitivos:
Se os sintomas da névoa mental persistirem por semanas ou meses, é essencial buscar avaliação médica para descartar possíveis causas subjacentes, como distúrbios hormonais, deficiências vitamínicas ou transtornos neurológicos.
Sintomas da névoa mental
Os sintomas podem variar em intensidade, mas os mais comuns incluem:
- dificuldade de concentração;
- sensibilidade à sobrecarga mental;
- esquecimento frequente;
- pensamento lento ou desorganizado;
- fadiga mental e dificuldade de processar informações;
- sensibilidade ao estresse;
- sensação de “cabeça vazia”.
Em casos mais graves, a névoa mental pode impactar significativamente a qualidade de vida e a produtividade de quem está inserido no mercado de trabalho, o que pode ocasionar em absenteísmo ou presenteísmo.
Principais causas da névoa mental
A névoa mental pode ter diversas origens. Confira!
- Covid longa e infecções virais
Pacientes que tiveram covid-19 podem apresentar sintomas cognitivos persistentes meses após a infecção. Estudos indicam que o vírus pode causar inflamação no cérebro e afetar a barreira hematoencefálica, comprometendo a função cerebral.
Além disso, a covid longa pode gerar alterações imunológicas que prolongam os sintomas, impactando a memória e a capacidade de concentração.
- Deficiências nutricionais
A nutrição desempenha papel fundamental na saúde cerebral. Deficiências em vitamina B12, ferro, magnésio e ácidos graxos ômega-3 podem comprometer a comunicação entre os neurônios, resultando em sintomas de confusão mental e fadiga.
A deficiência de vitamina D também está associada a dificuldades cognitivas e oscilações de humor.
- Distúrbios do sono
O sono é essencial para a consolidação da memória e a regeneração neuronal. A privação do sono, a insônia e os distúrbios, como a apneia obstrutiva do sono, podem resultar em fadiga mental, falta de atenção e sensação de cabeça vazia ao longo do dia.
Estudos mostram que a falta de sono de qualidade pode levar à inflamação no cérebro e prejudicar a capacidade de aprendizado.
- Estresse e ansiedade
O estresse crônico leva à produção excessiva de cortisol, hormônio que, em níveis elevados, pode afetar áreas do cérebro responsáveis pela memória e concentração, como o hipocampo.
Além disso, a ansiedade pode gerar pensamentos acelerados e dificultar a retenção de informações, agravando os sintomas da névoa mental.
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- Menopausa e alterações hormonais
Durante a menopausa, a queda nos níveis de estrogênio pode afetar a função cognitiva, resultando em lapsos de memória e dificuldades de concentração.
O estrogênio tem papel neuroprotetor, e sua redução pode influenciar negativamente a transmissão de sinais cerebrais, tornando mais difícil manter o foco e o raciocínio claro.
- Uso de medicamentos
Alguns medicamentos podem ter efeitos colaterais cognitivos, especialmente aqueles que afetam neurotransmissores no cérebro.
Antidepressivos, ansiolíticos, anti-histamínicos, relaxantes musculares e opioides são exemplos de fármacos que podem induzir sintomas como sonolência, confusão mental e dificuldades de memória. Caso você realize algum tratamento com medicação de uso contínuo, o profissional que prescreveu poderá detalhar efeitos colaterais semelhantes à névoa mental.
Como reduzir a névoa mental
Embora não haja tratamento único para a névoa mental, algumas estratégias podem ajudar a melhorar a clareza cognitiva. Veja quais são!
- Melhora na qualidade do sono
Ao dormir pouco, é possível desencadear diversos problemas, como fadiga, déficit de atenção, disfunções sociais, irritabilidade, sonolência excessiva, propensão a erros, acidentes de trabalho, cefaleia, tensão, problemas gastrointestinais, entre outros.
Dormir pelo menos 7 a 9 horas por noite melhora a capacidade de processamento mental e a memória. A higiene do sono – que propõe a mudança ou a reorganização de hábitos – pode ser usada na rotina de crianças, adolescentes e adultos com suas devidas adaptações, considerando que cada pessoa tem suas necessidades e possibilidades. Saiba mais sobre como aplica neste artigo sobre a higiene do sono.
- Alimentação balanceada
A dieta equilibrada é construída a partir da ingestão de alimentos capazes de suprir as demandas do nosso organismo. Essas carências podem ser diversas, porque o organismo precisa de energia e inúmeros nutrientes, e cada um deles pode ter uma função diferente no nosso corpo.
Incluir alimentos ricos em antioxidantes, ácidos graxos ômega-3 e vitaminas do complexo B pode reduzir inflamação no cérebro e melhorar a cognição.
Por isso, uma alimentação saudável não é apenas um conjunto de regras que dura por determinado período. Quando adotada como estilo de vida, ela vai influenciar na redução da névoa mental e, consequentemente, de outras condições e patologias.
- Exercícios físicos
Por meio dos exercícios, nosso corpo é estimulado a produzir mais cortisol, conhecido como o hormônio do estresse. Embora o cortisol seja liberado em resposta a situações conflitantes, sua produção coordenada durante o exercício ajuda a regular a resposta do corpo ao estresse, promovendo o equilíbrio emocional e contribuindo para o controle do humor.
Um artigo que se propôs a revisar os estudos sobre as atividades físicas em idosos com comprometimento cognitivo indica que os exercícios não só melhoram a cognição, mas também reduzem os riscos de doenças psiquiátricas, como depressão e ansiedade, e diminuem as chances de desenvolvimento de enfermidades neurodegenerativas, como o Alzheimer.
A prática regular de atividades físicas melhora o fluxo sanguíneo cerebral e ajuda na produção de neurotransmissores essenciais para a memória e a concentração.
- Redução do estresse
O estresse se apresenta de muitas formas na vida contemporânea, como dores de cabeça, irritabilidade, dificuldade de concentração ou cansaço físico. Infelizmente, para muitas pessoas, “viver estressado” é um estado natural da vida.
No entanto, para a melhora dos sintomas da névoa mental – assim como de outras condições –, é importante buscar formas de sair desse modus operandi. Meditação, ioga e técnicas de respiração ajudam a reduzir o impacto do estresse sobre o funcionamento cerebral e podem reduzir a névoa mental.
- Monitoramento de condições médicas
Caso os sintomas persistam, é essencial consultar um médico para descartar doenças subjacentes, como hipotireoidismo ou deficiências vitamínicas.
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Conclusão
A névoa mental é um problema comum e multifatorial, podendo afetar significativamente a qualidade de vida. Identificar suas causas e adotar estratégias adequadas para reduzi-la pode trazer melhorias substanciais no bem-estar e na função cognitiva.
Se você tem sintomas frequentes de névoa mental, procure um especialista para uma avaliação mais detalhada e um tratamento adequado.
Até a próxima!