O que é ansiedade social?

Entenda mais sobre sintomas e tratamentos.

Publicado por Juliana Brito

17 de agosto de 2023

Segundo a Organização Mundial da Saúde – OMS, o Brasil tem a população com maior prevalência de transtornos de ansiedade do mundo, ou seja, 9,3% dos brasileiros sofrem com algum tipo de ansiedade patológica.

O transtorno de ansiedade social é apenas um deles. Mais conhecido como ansiedade social, essa condição leva o indivíduo a ter medo exacerbado das relações sociais. Muitas vezes pode ser visto como frescura ou fraqueza, dificultando o diagnóstico e piorando a qualidade de vida do paciente.  

Neste artigo, vamos entender melhor a ansiedade social, conhecer os principais sintomas, tratamentos e dar algumas dicas de como é possível vencê-la. 

 

O que é o transtorno de ansiedade social?
Qual a diferença entre timidez e ansiedade social?
As consequências da ansiedade social
Tem tratamento para a ansiedade social?
Quais as melhores dicas para pessoas com transtorno de ansiedade social?

 

O que é o transtorno de ansiedade social? 

 É caracterizado pela dificuldade que o indivíduo tem diante de situações que envolvam o contato com outras pessoas, podendo ser simples – conversar com desconhecido, pedir informações, falar ao telefone – ou até mesmo mais complexas – falar em público ou ir a festas com pouca gente conhecida. 

 A pessoa pode passar semanas com sintomas de ansiedade, esperando por aquele momento no qual ela ficará exposta. Por conta dessas características, o principal ponto da ansiedade social é a evitação, ou seja, essas pessoas evitam situações como essas. 

 Existem casos mais leves e outros mais graves, mas todos sinalizam a preocupação desproporcional com essas situações.
 

 

Qual a diferença entre timidez e ansiedade social? 

 A timidez é um comportamento natural de todos os seres humanos, e isso se inicia logo na infância. A partir do momento em que a criança já reconhece os adultos, é comum que ela fique envergonhada perto de pessoas que ela não conhece ou nunca teve contato antes. Esse sentimento pode perdurar até a adolescência.  

 Quando falamos sobre círculo de amizade e pessoas da mesma idade, se agravando pelo fato de que nesse período existe a validação do indivíduo pelo grupo em que ele se encontra. Portanto, é normal que esse jovem se sinta mais tímido, com medo de ser julgado pelos que estão ao seu redor.  

 Porém, conforme a idade vai avançando, a timidez tende a diminuir, já que na idade adulta compreendemos melhor que esse sentimento é passageiro, nos dando mais poder para enfrentar situações desconfortáveis ou desconhecidas, principalmente as quais ficamos em evidência. 

A ansiedade também é um sentimento normal para todas as pessoas. Ficar ansioso para algum evento, uma apresentação, uma situação na qual você encontrará pessoas que não conhece é normal. Mas, quando isso deixa o indivíduo pensativo e com muitos sintomas ansiosos (sudorese, taquicardia, tremores etc), pode ser um caso patológico. 

 Por conta disso, muitas vezes a ansiedade social tende a ser confundida com a timidez, mas há sinais importantes que podem fazer essa diferenciação. Confira! 

 

Na timidez ou ansiedade natural 

 A pessoa não tem o pensamento sobre o evento de forma contínua, e a ansiedade costuma aparecer momentos antes do ocorrido. Além do mais, a tendência é que esses sentimentos diminuam com o tempo, até que o indivíduo esteja totalmente familiarizado com a situação. 

 Por exemplo: se você tem uma apresentação importante no trabalho, é normal que sinta o coração mais acelerado, transpire mais ou até mesmo tenha tremores, principalmente quando inicia o que irá fazer.  

 Conforme você continua a apresentação, sente-se mais relaxado, tranquilo, até que, ao final dela, já esteja totalmente tranquilo, pois já se acostumou com o ambiente. Após cumprida a sua tarefa, você não fica pensando muito sobre a situação e analisando os fatos. 

 

No transtorno de ansiedade social 

 O indivíduo com algum compromisso que envolva a relação com outras pessoas ou contato com o desconhecido pode passar dias ou até mesmo semanas pensando naquela situação, já com sintomas ansiosos fortes, como tremores, transpiração, sensação de tontura. 

 Diferentemente da ansiedade normal, quando a pessoa com ansiedade social é colocada nessa situação, ao invés do seu nervosismo diminuir, ele tende a ir aumentando no decorrer da execução dessa tarefa. 

 

Por exemplo: você precisa apresentar um trabalho para muitas pessoas. Os sintomas ansiosos começam a aparecer duas semanas antes da data e, no dia, quando você inicia a apresentação, sente-se ainda mais nervoso durante o evento.  

 Além desse comportamento, logo após a apresentação, você passa horas refletindo sobre o que fez, analisando tudo que disse ou tudo que aconteceu, imaginando que todos estavam julgando ou até mesmo zombando de você. 

 Ou seja, há diferenças claras entre um sintoma natural do ser humano e quando isso se torna patológico.  

 A ansiedade social pode causar extremo desconforto nas pessoas, porque não conseguir fazer não quer dizer que elas não queiram fazer. Pelo contrário! E isso tudo pode se tornar muito frustrante e evidenciar a principal característica da ansiedade social: a evitação 

 Isto é, a principal atitude dos indivíduos com ansiedade social é tentar fugir sempre de situações incômodas. Assim eles sentem alívio imediato, porém acabam alimentando o ciclo desse tipo de ansiedade: 

 

Quando escapamos de alguma situação, a tendência é sentirmos ainda mais medo em uma próxima vez que formos expostos a algo parecido, o que acaba se tornando um ciclo vicioso. 

 O medo do julgamento também é muito característico da ansiedade social. A pessoa sempre acha que o outro está a avaliando o tempo todo, na forma como fala, age, e sempre para o lado negativo. Acredita que os outros estão percebendo que ela está ansiosa, e portanto podem estar fazendo piadas, ou até mesmo a achando incompetente. 

 

As consequências da ansiedade social 

 As consequências desse transtorno podem afetar diretamente a qualidade de vida das pessoas, principalmente pela evitação. 

 Imagine se você se esquivasse de todas as situações em que é exposto a algo novo ou desconhecido. Quantos lugares precisaria deixar de frequentar por medo ou porque o sentimento ruim que isso gera chega a ser tão intenso que é cansativo e triste ao mesmo tempo? 

 Essas pessoas, quando não tratadas, podem perder oportunidades de crescer na carreira, por não conseguirem ser expostas a novos desafios; deixar de frequentar eventos e conhecer novas pessoas, o que pode causar uma angústia muito grande, favorecendo até mesmo o aparecimento de outras doenças, como a depressão. 

 

Tem tratamento para a ansiedade social? 

 Sim! Antes, é claro, assim como todos os transtornos, ela precisa ser diagnosticada por um médico psiquiatra. Os medicamentos são necessários para alguns casos, mas tudo dependerá de cada avaliação. 

 O legal é que a psicoterapia funciona muito bem no tratamento para a ansiedade social. Por exemplo, a terapia cognitivo comportamental (TCC) possui mecanismos que auxiliam o paciente a enxergar a situação como ela é, analisando fatos e ajudando-o a diminuir o sentimento de julgamento quando ele é exposto a esses momentos. 

 O tratamento combinado entre medicação (se necessária) e a psicoterapia pode melhorar a qualidade de vida do paciente, fazendo-o se sentir mais seguro no decorrer do tratamento. Portanto, se você se identificou com esses sintomas, é importante saber que é possível tratar e as chances de melhora são muito altas. 

 

Quais as melhores dicas para pessoas com transtorno de ansiedade social? 

 Antes de mais nada, vale relembrar que transtornos mentais não são frescura. Eles costumam ser estigmatizados ou até mesmo taxados como fraqueza, mas é essencial reforçar que são doenças como qualquer outra e precisam de tratamento.  

 O acompanhamento profissional adequado pode melhorar muito a vida do paciente. Portanto, se você se sente assim ou convive com alguém com transtornos mentais, é fundamental saber da importância e da eficácia desses tratamentos. 

 Confira também algumas dicas que você pode seguir. 

 

  • Treine mais a exposição: tudo o que soa desconhecido ou não familiar, parecerá mais desafiador. Se você se sente muito ansioso diante dessas situações, que tal começar aos poucos? Mas não deixar de fazer, okay?  

 Analise situações em que você se sente menos desconfortável que as outras e se proponha a praticar. A verdade é que tudo fica mais fácil depois de encararmos pela primeira vez. Dessa forma, você pode ir se soltando aos poucos. 

 

  • Fale sobre os seus sentimentos: quando você estiver em situações nas quais se sente nervoso, como em apresentações, exponha para os ouvintes o que se passa com você. Isso ajuda as pessoas que estão ali a terem mais empatia, logo, menos julgamentos. Isso pode auxiliá-lo, pois tira o peso do pensamento de que vão perceber que está nervoso, pois você já expôs isso logo no primeiro momento. 

 

  • Aceite sua condição: a negação só piora as coisas. Aceitar que há uma dificuldade maior para você nessas ocasiões é o primeiro passo para a mudança. 

 

  • Não negligencie o tratamento: muito se fala sobre o poder da psicoterapia, mas pouco se comenta quão desafiadora ela pode ser. Enfrentar os próprios medos não é uma tarefa fácil, e você precisa estar disposto a tentar para que a melhora seja vista aos poucos, já que sabemos que esse tipo de transtorno não melhora de um dia para o outro. Mantenha-se firme no tratamento. 

 

Você já conhecia esse transtorno? Compartilhe com quem precisa dessas informações! 

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