O que é esquizofrenia?

Entenda quais são os sintomas, tratamentos e principais cuidados com a doença

Publicado por Juliana Brito

17 de agosto de 2022

A esquizofrenia é uma das doenças mais antigas da área da psiquiatria. Desde a sua descoberta, as pessoas que apresentam essa condição sofrem preconceito na sociedade. Hoje, já se sabe que a condição é um transtorno mental que, apesar de não ter cura, é perfeitamente tratável se feito o acompanhamento correto. Neste artigo, trazemos os principais sintomas da doença, tipos, causas e tratamentos. Para conferir, leia até o final!

O que é esquizofrenia?
Quais os principais sintomas da esquizofrenia?
Quais os tipos de esquizofrenia?
Quais as causas da esquizofrenia?
Quais os tratamentos para a esquizofrenia? Tem cura?
Quais as melhores práticas para lidar com uma pessoa com o diagnóstico?

 

O que é esquizofrenia?

A esquizofrenia nem sempre teve esse nome. No século 19, quando começou a ser observada e estudada, recebeu o nome de “demência precoce” do psiquiatra alemão Emil Kraepelin, e era caracterizada por observar comportamentos atípicos em pessoas jovens. Já no século 20, Eugen Bleuler, outro psiquiatra importante, renomeou essa condição para esquizofrenia (esquizo = divisão, phrenia = mente), como a conhecemos até hoje.

A doença é um transtorno mental que se caracteriza principalmente pela perda do contato com a realidade, influenciando na forma como a pessoa se sente, vê o mundo e encara seus relacionamentos.

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, a esquizofrenia atinge cerca de 21 milhões de pessoas no mundo e costuma se manifestar na população mais jovem, de 15 a 35 anos – a proporção entre homens e mulheres é a mesma. Mas, apesar da esquizofrenia estar entre as doenças mais incapacitantes para o público dessa idade, é importante lembrar que é possível ter qualidade de vida se o tratamento for seguido corretamente.

Você também pode conferir um pouco mais sobre a doença neste vídeo a seguir:

 

Quais os principais sintomas da esquizofrenia?

Os principais sintomas podem ser divididos entre sintomas positivos (ou produtivos) e negativos. Os nomes são escolhidos devido aos efeitos causados. Os positivos ou produtivos, por exemplo, são de maior aceleração e mais facilmente tratáveis. Já os negativos, mais difíceis de responder ao tratamento. Veja:

Sintomas positivos

São mais facilmente tratáveis.

Delírios: são reconhecidos pela alteração do pensamento, ou seja, a pessoa passa a acreditar em uma realidade que não existe para as outras pessoas, mas, para ela, existe. O tipo mais comum de delírio é o paranoide. Nele o indivíduo acredita estar sendo perseguido, filmado, que estão tramando contra ele. Por mais que haja um diálogo, não consegue crer que aquilo é de fato apenas uma alteração de sua consciência.

Alucinações: identificadas pelas alterações de sentidos, ou seja, a pessoa começa a ver, ouvir e sentir coisas que não existem, como ver vultos, sentir cheiros ou sabores diferentes em alimentos e, o mais comum, ouvir vozes. Nesses casos, as vozes geralmente dizem para fazerem algo.

Quando esses sintomas são apresentados, é muito usual o indivíduo ficar contra as pessoas mais próximas, pois acredita que elas também estão tramando contra ele. Por isso, pode ser comum que deixem de comer por medo de ter algo na comida ou abram mão da higiene pessoal, por exemplo.

Nesses casos, a família tende a se sentir culpada pelo que está acontecendo. Vale ressaltar que não há nenhuma interferência familiar nisso. O indicado é sempre buscar ajuda médica para que a pessoa receba o tratamento adequado para que esses sintomas melhorem.

É importante destacar que esses sintomas “positivos” são facilmente tratáveis. Hoje, já temos medicações avançadas para que os efeitos colaterais sejam mais amenos e a pessoa tenha mais qualidade de vida.

Sintomas negativos

Costumam aparecer mais tardiamente e são mais difíceis de serem tratados

Geralmente ocorre a diminuição de impulsos de vontade para realizar coisas. Por exemplo:

– falta de vontade para realizar tarefas do dia a dia;
– dificuldade em expressar afeto e empatia;
– resistência para se manter ativo em atividades;
– impedimento na comunicação.

Não é preguiça! A falta de vontade é uma das características da doença e, conforme citamos, os medicamentos podem não ser tão eficazes quanto nos sintomas positivos.

Outros sintomas negativos da esquizofrenia também podem ser o isolamento social e a dificuldade de aprendizado desde cedo.

 

Quais os tipos de esquizofrenia?

Confira os principais tipos de esquizofrenia.

Esquizofrenia paranoide – é a mais comum. Os delírios e as alucinações predominam na caracterização da doença. Também é bastante comum a agitação do indivíduo e também pensamentos confusos.

Esquizofrenia hebefrênica – nesse tipo, é frequente a presença de pensamentos e falas desorganizados, assim como a presença de pensamentos e sintomas negativos.

Esquizofrenia catatônica – difícil de tratar, pois a pessoa pode ficar imóvel ou na mesma posição por horas ou até mesmo dias, sem se comunicar ou se mexer. É o tipo mais raro.

 

Quais as causas da esquizofrenia?

Uma questão muito recorrente sobre as causas da condição é a hereditariedade e, de fato, há grande contribuição da genética para o desenvolvimento da doença. Quando alguém na família tem o transtorno, aumentam as chances de outra pessoa o desenvolver: quanto mais próximo o parentesco, maior a chance. Porém, isso não deve ser visto como uma certeza. Existe ainda o fator ambiental, que contribui para o desenvolvimento da doença.

Quando expostas a ambientes violentos, traumas e drogas, pessoas com tendência genética têm mais possibilidades de desenvolver a condição. Inclusive o consumo de cannabis antes dos 16 anos é um ponto de atenção a ser observado, uma vez que o uso precoce da substância pode desencadear uma esquizofrenia latente. Durante a adolescência acontece um processo importante de maturação do cérebro, e o consumo da droga pode afetar a formação dessas ligações cerebrais.

 

Quais os tratamentos para a esquizofrenia? Tem cura?

Antes de tudo, é necessário entender que a esquizofrenia é uma doença crônica que ainda não possui cura, mas apresenta ótimos resultados quando o tratamento é feito corretamente: os sintomas podem ser amenizados e a pessoa leva uma vida mais tranquila.

A base do tratamento para a esquizofrenia é medicamentosa. Utiliza-se antipsicóticos, que ajudam a normalizar as reações químicas no cérebro para que o indivíduo deixe de apresentar sintomas como delírios e alucinações. Auxiliam também na questão de apatia.

Existem dois tipos de antipsicóticos. Os de primeira geração são os mais antigos e tratam principalmente os sintomas positivos. Os de segunda geração, que vieram depois, são mais modernos, atuando até mesmo nos sintomas negativos, e podem ser a preferência de prescrição dos médicos.

O tratamento precisa ser feito a partir do diagnóstico do médico psiquiatra e não deve ser interrompido, pois, quando isso acontece, as chances de um novo surto ocorrer são maiores: eles tendem a ser piores do que os anteriores. Por isso, a atenção é redobrada.

Outro fator de extrema importância é o acompanhamento psicológico regular e a busca por terapias alternativas que possam auxiliar ainda mais na melhora, como a terapia familiar ou até as que envolvam música ou arte.

 

Quais as melhores práticas para lidar com uma pessoa com o diagnóstico?

Sabemos que lidar com transtornos psicológicos na família ou entre amigos mais próximos pode não ser uma tarefa fácil e gerar muitas dúvidas. Por isso, separamos aqui algumas das melhores atitudes que você pode ter sobre essa questão:

Informe-se! – A falta de conhecimento da doença e dos sintomas, bem como o preconceito, mais atrapalha que ajuda na suspeita diagnóstica. Busque informações sobre a doença em fontes confiáveis.

Ouça, apoie e incentive o tratamento – Entenda e escute as queixas da pessoa, pois muitas vezes podem abandonar o tratamento por falta de apoio ou até mesmo pelos efeitos colaterais das medicações. Por isso, saiba ouvir!

Deixe o preconceito pra lá – Em sua maioria, pessoas com esquizofrenia não são violentas. A impressão que se passa é essa, pois somente casos extremos e graves são divulgados, mas, na prática, não é bem assim. Por isso, acolha e informe-se sobre o assunto.

Com essas práticas básicas, é possível que você lide melhor com pessoas que tenham o transtorno. Além disso, se possível, converse com médicos, peça orientações e coloque-se à disposição para ajudar dentro das suas condições. Dessa forma, é possível também cuidar do próximo.

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