Afinal, o que é o câncer?

Neste Dia Mundial do Combate ao Câncer, vamos entender o que é essa doença, por que ela se manifesta e se é possível preveni-la

Publicado por Juliana Brito

4 de fevereiro de 2022

Apesar de ser uma das doenças mais comuns do mundo, muitas vezes podemos ainda ter dúvidas sobre o que realmente é o câncer, como e por que ele se manifesta. Por existirem diversos tipos, pode ficar muito difícil entender de fato suas características. Para ajudar você a entender um pouco melhor sobre esse assunto, conversamos com o Dr. Rafael Schmerling, oncologista clínico da Beneficência Portuguesa de São Paulo e presidente do Grupo Brasileiro de Melanoma. Neste artigo você vai conferir:

 

O que é câncer?

Câncer, na verdade, é um termo utilizado para abranger mais de 100 tipos de doenças consideradas malignas, graves ou de piora progressiva, caracterizadas principalmente pelo crescimento desordenado de células que não possuem função: ou seja, são massas que vão ocupando espaço dentro do organismo, formando os chamados tumores.

Essas células, por se multiplicarem de forma muito rápida, podem acabar invadindo tecidos importantes e órgãos vitais.

O que diferencia um câncer de outro é com qual tipo de célula ele é composto. Por exemplo: quando tem início em tecidos epiteliais (pele ou mucosas), são chamados de carcinomas. Já quando são formados a partir de tecidos conjuntivos, como músculos, cartilagens e ossos, são chamados de sarcomas.

Cada um desses tipos possui subtipos com velocidades variadas de multiplicação celular. Esse fator também determina a agressividade da doença, que pode variar de pessoa para pessoa e do tipo.

Com a imagem abaixo, retirada do site do Instituto Nacional do Câncer (INCa), conseguimos entender um pouco melhor como funciona o processo de surgimento do câncer. Confira:

Fonte: INCa

 

Quais fatores de risco influenciam o seu aparecimento?

Agora que você já entendeu o que é o câncer e como ele se multiplica dentro do organismo, pode estar se perguntando quais são os fatores que podem desencadear o seu aparecimento. Considerando que estamos falando de forma generalizada de uma doença que pode ter inúmeros tipos, podemos elencar alguns principais fatores: alguns próprios da pessoa e hereditários (ou genéticos), sem possibilidade de serem modificados, e outros externos e que portanto podem ser alterados, potencializados ou evitados, tais como:

Radiação solar: a exposição aos raios ultravioleta (UV) pode colaborar para o desenvolvimento do câncer de pele, que é o mais frequente e mais diagnosticado em todas as regiões do País, responsável por 32% dos casos.

Tabagismo: o cigarro possui toxinas altamente cancerígenas e também é um dos fatores mais evitáveis para o desenvolvimento de um câncer.

Consumo de álcool: outro hábito que está relacionado a diversos tipos de câncer, além de outras doenças, como condições cardiovasculares, mentais e hepáticas, segundo a Fundação do Câncer.

Má alimentação: manter hábitos de alimentação não considerados saudáveis – como não ter uma rotina equilibrada, consumir muitos alimentos processados, gordurosos e com muito açúcar – também está relacionado ao desenvolvimento de alguns tipos de câncer.

Sedentarismo: auxilia no aumento exacerbado de peso e também colabora para o desenvolvimento de doenças crônicas.

Fatores externos ocupacionais: algumas pessoas podem estar expostas, principalmente durante o trabalho, a agentes carcinogênicos, como ar poluído e agentes químicos.

 

Quais os tipos de câncer mais comuns no Brasil?

Segundo o INCa, a estimativa é que o Brasil tenha registrado cerca de 625 mil novos casos de câncer de 2020 até este ano.

O tipo mais recorrente no país é o câncer de pele não melanoma, com 177 mil novos casos estimados. Além desses, se considerarmos todos os outros tipos, temos entre os mais comuns:

– mama (66 mil casos);

– próstata (66 mil casos);

– cólon e reto (41 mil casos);

– pulmão (30 mil casos);

– estômago (21 mil casos).

 

“É importante ressaltar também que o câncer de pulmão tem aumentado entre as mulheres, assim como o câncer de colo de útero em regiões onde o acesso à informação e saúde são mais precários no País”, ressalta Dr. Rafael.

Você ainda pode conferir, em imagens disponibilizadas pelo site Oncoguia, alguns gráficos que ilustram melhor o tema, separados por sexo.

Fonte: Oncoguia

Fonte: Oncoguia

 

Quais são os sintomas do câncer?

Por estarmos falando da doença de forma genérica, não há um “único sintoma” que possa ser identificado em todos os casos. Porém, devemos ficar atentos a alguns sinais e sintomas que, se forem persistentes, um médico deverá ser consultado. Veja abaixo:

Cansaço inesperado e inexplicável, assim como perda de energia.

Hematomas frequentes.

Dor contínua ou dor de cabeça que não melhora, seguida de vômito.

Perda de apetite e peso anormal.

Protuberância ou inchaços anormais.

Lesões na boca que não melhoram.

Tosse que não desaparece ou dificuldade em deglutir.

Sangue na urina.

Pintas assimétricas.

É importante lembrar que esses são alguns sintomas gerais, e podem ou não aparecer. Por isso é tão importante que você mantenha os exames de rotina em dia.

 

Como é o tratamento de câncer?

Primeiramente, é necessário lembrar que o tratamento de câncer varia de acordo com o seu tipo e estágio. Podem ser feitas umas ou mais intervenções, que serão avaliadas de acordo com a recomendação do seu médico, e claro, após discutidas com o paciente. O tratamento indicado tem a função de melhorar a qualidade de vida do paciente, sendo o seu objetivo a cura, ou de ser uma solução paliativa em casos já mais avançados.

Cirurgia: é o primeiro recurso para o tratamento de muitos tipos de câncer. Com ela, é possível remover o tumor e até mesmo suas metástases, em tipos específicos de câncer e casos selecionados

Radioterapia: utiliza-se radiações ionizantes (principalmente), com o objetivo de destruir ou inibir proliferação de células cancerígenas. Existem diversos tipos de radioterapia e esse método geralmente é utilizado após a realização da cirurgia para retirada do tumor, para complementar o tratamento, ou pré-cirurgia para redução das dimensões do tumor, evitando danos maiores a região em que ele se encontra, e em casos selecionados é o tratamento de escolha para o controle do tumor, sem necessidade de cirurgia pré ou pós tratamento.

Quimioterapia: medicamentos anticancerígenos, ou melhor antineoplásicos são usados para destruir as células cancerígenas, ou inibirem sua proliferação. No geral, é feita de forma intravenosa, porém alguns medicamento, mais modernamente podem ser ingeridos por via oral, sob a forma de comprimidos. Também pode ser aplicada após a cirurgia, pré-cirurgia para redução do tamanho do tumor, ou como tratamento único.

Hormonioterapia: tem o objetivo de impedir a ação de hormônios em células sensíveis, pois, em alguns casos, esses hormônios acabam facilitando o crescimento de alguns tumores bem específicos, uma vez que as células cancerígenas possuem certos receptores que quanto ativados por esse hormônio, estimulam proliferação celular. Também é utilizada em conjunto com outras formas terapêuticas.

Transplante de medula óssea: muito usada em tratamentos contra leucemias e linfomas, e é também associada a outros tipos de tratamentos. Quimioterapias potentes destroem as células tumorais, mas também normais da medula óssea, e desta forma é necessário um transplante de medula para que o paciente volte a produzir normalmente células do sangue como hemácias, leucócitos e plaquetas.

Para cada caso e cada indivíduo, o tratamento precisa ser feito de forma personalizada, atendendo aos objetivos necessários.

 

Como posso me prevenir?

Podemos classificar a prevenção em duas etapas:

– prevenção primária: impedir que o câncer se manifeste, evitando fatores de risco e adotando um estilo de vida mais saudável;

– prevenção secundária: detectar e tratar doenças ainda em seu estágio inicial ou consideradas pré-malignas, como lesões pelo vírus HPV ou outros cânceres assintomáticos iniciais.

Por isso, tudo que estiver ao nosso alcance para que esse tipo de condição de manifeste é recomendado que seja feito. Por isso, separamos algumas dicas para você. Confira!

Tenha uma alimentação mais saudável! – Alimente-se de forma equilibrada e prefira um “cardápio” mais natural, evitando os itens industrializados.

Mantenha um peso corporal mais adequado! – O aumento de peso ao decorrer da vida pode facilitar com que algumas doenças apareçam. Por isso, mantenha um peso adequado para a sua estrutura corporal e faça acompanhamento médico para se certificar de que sua saúde está em dia.

Se possível, não fume! – Não fumar pode evitar (e muito!) alguns tipos de câncer.

Pratique atividades físicas! – Deixe o sedentarismo de lado, adeque a sua rotina para incluir práticas esportivas que lhe deem prazer: isso é muito importante para que você consiga mantê-las.

Evite exposição solar! – Se ela for necessária, não se esqueça de utilizar o protetor solar.

Agora que você já sabe o que é o câncer e até mesmo como preveni-lo, que tal compartilhar essa informação com seus amigos e familiares? Cuide-se!

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