A obesidade infantil se transformou numa questão de extrema importância para a saúde pública em todo o mundo, ganhando inclusive o status de epidemia devido ao alto número de casos.
A situação é preocupante porque a doença desenvolvida ainda na infância pode acarretar diversas consequências, como a interferência no desenvolvimento dos tecidos do corpo e no favorecimento de outras doenças crônicas, como diabetes e hipercolesterolemia (colesterol alto).
Para entender melhor sobre esse assunto tão importante, contamos com o apoio da Dra. Maria Teresa, pediatra credenciada Omint, que esclareceu os principais pontos. Que tal saber mais sobre o assunto? Acompanhe-nos até o final do texto. Aqui, você vai ler:
O que é obesidade infantil?
Quais são as causas da obesidade infantil?
Como é possível combater a obesidade infantil?
O que é obesidade infantil?
A definição de obesidade infantil é uma criança de até 12 anos que está com excesso de gordura corporal, em quantidades que determine prejuízos a saúde. Nas crianças, são utilizados gráficos da OMS para avaliar qual a classificação de cada criança.
A obesidade é uma doença que pode atingir qualquer pessoa, independentemente de sexo ou idade. Porém, os dados da obesidade infantil vêm chamando a atenção e têm se tornado um grande problema de saúde pública.
Hoje já se sabe que os efeitos da obesidade em crianças são prejudiciais para o seu desenvolvimento e interferem diretamente na qualidade de vida. Uma vez que a obesidade acontece logo na infância, mais tempo o indivíduo passa convivendo com ela, o que é também prejudicial a longo prazo.
Neste vídeo, a Dra. Maria Teresa fala sobre o consumo de açúcar na infância, um dos pontos que mais precisam de atenção na luta contra a obesidade:
Os riscos da obesidade infantil são diversos
Além de problemas como doenças respiratórias, dores nas articulações, diabetes e acne, as crianças com obesidade também sofrem com fatores psicológicos e sociais, como o bullying, o que facilita o desenvolvimento de depressão, o isolamento social, a dificuldade nas relações e o aumento de chances de terem transtornos alimentares, como anorexia e bulimia, em uma tentativa de adequação.
Por mais que atualmente haja muito mais conscientização em relação a esse assunto, sabemos que não é possível solucionar o problema como um todo, ainda que seja possível amenizá-la.
Quais são as causas da obesidade infantil?
É importante dizer que a obesidade é uma doença multifatorial e nem sempre está relacionada ao “comer muito”.
Para ter uma ideia, filhos de pais obesos têm mais propensão a também se tornarem obesos, sendo que essa chance pode ser de 80% caso ambos sejam obesos e 40% caso apenas um deles seja. De qualquer forma, são grandes as possibilidades.
Além do fator genético e hormonal herdado dos pais, os hábitos da família também interferem diretamente no comportamento dos filhos.
Por exemplo, se os pais não têm uma alimentação saudável, com itens mais naturais – e aqui, entenda, alimentos naturais não são os considerados “fitness” no mercado e, sim, o arroz e feijão do dia a dia, frutas, verduras e legumes –, fica muito difícil que a criança faça diferente, ainda que a comida saudável seja oferecida a ela.
Se não há o incentivo, a criança não é estimulada nem incentivada. “Crianças se espelham nos pais. Se eles têm hábitos saudáveis, é mais fácil de a criança reproduzir. Se não há esse movimento da família, consequentemente a criança também não quer fazer”, diz a Dra. Maria Teresa.
Outro ponto importante de se ressaltar é que a obesidade infantil precisa ser avaliada por profissionais capacitados, como pediatras, endocrinologistas e nutrólogos, pois somente o peso não consegue indicar o problema.
“Algumas crianças podem ter mais massa muscular, algo altamente positivo, do que gordura, e isso precisa ser avaliado cuidadosamente para que não haja um diagnóstico errôneo. O IMC ainda é muito utilizado, mas o teste de bioimpedância, por exemplo, também é mais acessível e pode ser mais preciso para auxiliar no diagnóstico”, comenta a especialista.
Além dos hábitos alimentares ruins dos pais, fatores sociais também têm sua parcela de culpa. O incentivo até mesmo de anúncios ao consumo de alimentos processados, cheios de açúcar ou até mesmo congelados – pela praticidade – são de fácil acesso e, às vezes, na pressa do dia a dia, é isso que acaba sendo oferecido.
Fatores econômicos sociais também interferem, uma vez que os alimentos ultraprocessados são mais baratos para a população com menor poder aquisitivo.
A falta de sono de qualidade é também um fator! Ele é um dos 4 pilares da saúde e, para as crianças não é diferente.
O relógio biológico precisa do sono – de qualidade – para descansar. As horas de sono recomendadas para cada faixa etária são diferentes, mas é necessário que essa etapa seja cumprida de forma correta. Dormir e acordar todos os dias na mesma hora também é benéfico para as crianças.
O sedentarismo talvez seja o principal fator entre todos eles. Hoje, as crianças passam muito tempo em frente às telas – muitas vezes ingerindo comidas altamente calóricas apenas pelo hábito –, já que é bem mais incomum ver crianças brincando na rua, correndo, movimentando-se em geral.
O incentivo às atividades físicas acabou ficando mais difícil devido ao consumo excessivo de telas e a praticidade que elas trazem, mas ao contrário do que se pensa, não é preciso praticar ativamente algum tipo de esporte específico para queimar calorias necessárias. O incentivo a brincadeiras – que de preferência não envolvam celulares, TVs ou tablets – em que a criança possa se movimentar já é algo positivo!
A união de todos esses fatores também pode trazer um quadro de ansiedade e depressão, decorrentes do bullying, da exposição excessiva as telas e da falta de atividade física – que ajuda na liberação de hormônios relacionados à satisfação e felicidade
Como é possível prevenir e combater a obesidade infantil?
É necessário percorrer diversos caminhos para que ela seja combatida, caso já instalada, ou prevenida. Veja os principais!
Exemplo da família
As crianças espelham o comportamento da família. Portanto, se você quer prevenir ou cuidar de uma obesidade já instalada na garotada da sua casa, é necessário que os hábitos alimentares ou de exercícios físicos também sejam praticados.
Uma dica legal para introduzir a criança nesse processo é inseri-la, se possível, no preparo dos alimentos. Isso desperta a curiosidade e a interação nessa parte do processo é muito benéfica e traz mais familiaridade com a comida. Ainda que não seja sempre, tente essa prática quando for possível.
Incentive a movimentação e controle o tempo de tela
Monitore o tempo de tela, pois isso estimula cada vez mais o sedentarismo. Utilize o tempo de “sobra” para incentivar a criança a praticar atividades que ela gosta.
É importante lembrar que, assim como para adultos, a atividade física para a criança também precisa ser prazerosa. Tente identificar que tipo de atividade seu filho gosta de fazer e incentive! Pode ser dança, futebol, ballet, natação… O importante é se mexer!
O papel da amamentação
O leite materno é um verdadeiro remédio para diversas coisas, entre elas, a prevenção da obesidade. A OMS recomenda que a amamentação seja feita até os 2 anos.
Esse processo contribui para a boa imunidade do bebê e tem benefícios para toda a vida, incluindo a prevenção a essa doença.
Por último e não menos importante, o acompanhamento de um ou mais profissionais é indispensável. A ajuda de pediatra, endocrinologista, nutricionista e até mesmo psicólogo é essencial para que esse caminho seja mais fácil. Não se esqueça disso, okay?
Até a próxima!