São Paulo, setembro de 2019 – O Brasil é o país mais deprimido da América Latina, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). No País, nada menos que 5,8% da população sofre da doença, sendo 7,7% das mulheres e 3,6% dos homens. Indicadores como esses estão também correlacionados, ainda que indiretamente, à alta taxa de suicídio no Brasil: uma morte a cada 45 minutos, de acordo com o Ministério da Saúde.
De acordo com o psiquiatra e psicanalista Dr. Mário Louzã, profissional parceiro Omint, é importante falar sobre transtornos mentais sem tabus para evitar que situações extremas, até então evitáveis, venham a acontecer. “Suicídio é algo que a OMS classifica de morte evitável. Uma pessoa que apresenta esse risco quase sempre dá indícios que está com esse tipo de pensamento e, portanto, numa situação de risco. Se pudermos intervir a tempo, evitamos tentativas que culmine num resultado letal”, comenta o especialista. Louzã ainda acrescenta que campanhas como a Setembro Amarelo e a ampla divulgação das mídias são fundamentais para que se fale sobre os transtornos que possam levar a um final trágico e, portanto, evitá-lo.
O especialista afirma que, no ambiente corporativo, há sinais que os colegas e superiores podem identificar e alertarem-se sobre a importância de oferecer apoio ao indivíduo. “Primeiramente, é importante diferenciar distimia de um cenário de risco. Distimia é a depressão crônica, leve a moderada, que dificilmente culmina numa situação extrema. É a pessoa que está permanentemente apática, silenciosa, com um estado de espírito permanentemente triste. É diferente da pessoa que subitamente muda de humor, apresenta um sentimento de vazio e passa a apresentar pensamentos de pouca valia, do tipo ‘a vida não vale a pena’, ‘não tenho vontade de acordar no dia seguinte’ e afins.” Louzã afirma que, nessa fase, normalmente surge a ideação que atentar-se contra a própria vida como uma solução para os problemas.
Importância de posicionamento ativo do RH: a situação citada acima, de acordo com o especialista, já apresenta um cenário em que o departamento de Recursos Humanos da companhia deve agir ostensivamente para evitar situações como tratamento mal conduzido ou mesmo feito às escondidas, pedido de demissão e até atitudes deliberadas que a pessoa possa tomar. “Por esse motivo, é fundamental que o RH das companhias apresente condutas claras de acolhimento a colaboradores com transtorno. Na maioria das vezes, o indivíduo que percebe em si mesmo alterações de humor e até mesmo a dificuldade em tocar tarefas do seu dia a dia tem vergonha e medo de encarar um diagnóstico de depressão. Ele tem receio de sofrer represálias, preconceitos, julgamentos, e, por isso, é primordial que ele tenha uma rede de apoio que o dê suporte e encoraje a buscar ajuda profissional”, alerta.
Afinal, qual o profissional a se procurar: psiquiatra, psicanalista ou psicólogo? De acordo com Louzã, nos quadros em que uma pessoa já apresenta risco de suicídio, o profissional indicado é o psiquiatra. “O psiquiatra tem formação médica e, por isso, pode prescrever medicações à pessoa e, se for o caso, até mesmo interna-la até que seu quadro melhore. O psicólogo ou o psicanalista pode atuar em outra fase, ou em quadros mais leves ou até mesmo moderados. Enquanto isso, nos cenários mais críticos, o psiquiatra deve ser procurado o quanto antes”, afirma, ressaltando a importância de psicólogos e psicanalistas encaminharem ao psiquiatra os quadros que eles avaliarem mais delicados para que haja sucesso no tratamento.