Setembro Amarelo: mês alerta sobre a importância das ações de prevenção ao suicídio

Setembro Amarelo é uma oportunidade de pensar em ações de acolhimento que possam auxiliar na causa.

Publicado por administrator

8 de setembro de 2022

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o país mais deprimido da América Latina: 5,8% da população sofre da doença, sendo 7,7% das mulheres e 3,6% dos homens. E mais: a cada 46 minutos uma pessoa tira a própria vida no País. Neste mês, a campanha Setembro Amarelo visa promover ações de prevenção ao suicídio e propõe comunicações que estimulem a promoção e os cuidados com a saúde mental.

Assim como não falávamos sobre o câncer em outros tempos, por ser considerado muito delicado, esse tema também ainda é tratado como tabu em algumas sociedades. Por isso, deve ser abordado com responsabilidade e seriedade, e trazido à tona para que as pessoas possam entender um pouco mais sobre o que é o suicídio, como a depressão pode ser um fator de risco e como é possível prevenir.

Para auxiliar o seu entendimento no assunto, conversamos com os psiquiatras credenciados Omint Dra. Yara Azevedo Prandi e Dr. Mario Louzã, e com a Profa. Dra. Denise Pará Diniz, psicóloga credenciada Omint.

Neste artigo, você vai conferir:

O que é o suicídio e quais os fatores de risco?
Quais os principais sinais?
O papel do RH no Setembro Amarelo
Como posso fazer a minha parte?

 

O que é o suicídio e quais os fatores de risco?

Segundo a Profa. Dra. Denise Pará Diniz, o suicídio é fenômeno multicausal de impacto individual e coletivo que pode afetar pessoas de todas as classes socioculturais e econômicas, idade e sexo. É a quarta maior causa de morte entre os jovens de 15 a 29 anos no Brasil e considerado um problema de saúde pública. É necessário, então, que se fale sobre o assunto.

Esse fenômeno, conforme citado, é multifatorial, mas em mais de 95% dos casos está associado a algum tipo de transtorno mental, sendo o principal deles a depressão, seguida de transtorno bipolar, podendo surgir também a partir do consumo exacerbado de álcool e drogas.

Hoje sabemos que é possível prevenir o suicídio se alguns fatores importantes forem observados e tratados desde o início. Por isso, quando uma pessoa começa a apresentar sinais de algum transtorno psicológico, é preciso incentivá-la a buscar ajuda psicológica e psíquica. Dessa forma, a campanha Setembro Amarelo se faz de extrema importância para a sociedade.

Você pode entender mais sobre o assunto neste vídeo:

 

 

Quais os principais sinais?

Para que seja possível o olhar mais amplo para essa questão, é necessário lembrar que, conforme citamos, mais de 90% dos casos de suicídios estão associados a algum transtorno mental, sendo o mais comum a depressão. É preciso, então, estar atento a alguns sinais.

Por exemplo: como diferenciar se o medo e a tristeza estão se tornando permanentes e agravando a saúde? A Dra. Yara Azevedo Prandi, psiquiatra credenciada Omint, destaca alguns pontos importantes para observar.

– Os sentimentos se agravam e vêm acompanhados de sintomas físicos, como falta de ar, dor no corpo, palpitações, alterações de apetite ou de sono.

– As emoções – como tristeza, raiva, medo, irritação ou aparente frieza – ficam intensas e parecem insuportáveis.

– Os sentimentos dão espaço para comportamentos atípicos, como se tornar irritado e agitado, ou leva ao uso abusivo de substâncias.

– Sentimentos negativos podem vir seguidos de sintomas cognitivos, como falha de memória, menos concentração, confusão mental e ser repetitivo.

– Sentimentos como desespero, desesperança e tristeza são muito mais frequentes.

– Falta de vontade de interagir com família, amigos ou outras pessoas fora de casa.

– Mudança nos hábitos de alimentação e higiene.

– Falas que expressam desesperança e descontentamento com a vida.

Existem também fatores de risco, como histórico de abuso emocional e físico, violência doméstica ou histórico familiar de tentativas de tirar a própria vida. Os indivíduos podem ainda apresentar ansiedade, psicose e dependência química.

Portanto, a pessoa com a saúde mental afetada vai emitir sinais de que precisa de ajuda. Quem está por perto pode observar e ajudar com o encaminhamento, mas apenas um profissional – como o psiquiatra – está capacitado para diagnosticar e tratar as questões.

 

Leia também: Saiba o que é labirintite emocional

Confira em vídeo como lidar com pessoas que estão em estado depressivo:

O papel do RH no Setembro Amarelo

Já em 2017 a OMS indicava que a depressão se tornaria a principal justificativa de afastamentos por doenças do trabalho em um curto período. Por isso, o entendimento dessa e de outras doenças mentais precisa ser difundido entre gestores de Recursos Humanos para que as empresas possam ajudar os funcionários de forma efetiva.

No ambiente corporativo, há sinais que os colegas podem identificar para oferecer apoio ao indivíduo. O psiquiatra e psicanalista Dr. Mário Louzã, também credenciado Omint, lembra que é importante diferenciar distimia de um cenário de risco.

“Distimia é a depressão crônica que dificilmente culmina numa situação extrema. É a pessoa que está permanentemente apática, silenciosa, com um estado de espírito permanentemente triste. É diferente da pessoa que subitamente muda de humor e passa a apresentar pensamentos de pouca valia, com frases como ‘a vida não vale a pena’, ‘não tenho vontade de acordar no dia seguinte’.”

Com isso, é importante falar sobre transtornos mentais sem tabus para evitar situações extremas. “Uma pessoa com ideação suicida, em geral, dá indícios que está com esse tipo de pensamento e, portanto, numa situação de risco. Se pudermos intervir a tempo, evitamos tentativas que culmine num resultado letal”, comenta.

Ainda no ambiente de trabalho, é extremamente importante ressaltar que a Síndrome de Burnout (esgotamento profissional) também pode ser um dos gatilhos associados. A Dra. Yara Azevedo complementa que, na prevenção ao suicídio, precisamos abordar a melhora da saúde mental como um todo. Quando sabemos quais são os fatores de risco, é possível agir rapidamente.

Além disso, a psiquiatra reforça que é fundamental diminuir o preconceito com diagnóstico dentro do próprio ambiente de trabalho, com ações que minimizem o isolamento e a solidão de quem está em tratamento. Ter espaço para conversar abertamente sobre o tema e formar grupos que podem atuar de forma colaborativa também são dicas importantes.

Nesse contexto, Dr. Mário Louzã acrescenta que é fundamental que o RH apresente condutas claras de acolhimento a colaboradores com transtorno. Na maioria das vezes, o indivíduo que percebe em si mesmo alterações de humor e dificuldade em tocar tarefas do seu dia a dia tem vergonha e medo de encarar o diagnóstico de depressão.

“Existe o receio de sofrer represálias, preconceitos, julgamentos e, por isso, é primordial que ele tenha uma rede de apoio que dê suporte e o encoraje a buscar ajuda profissional”, aponta Louzã.

No momento atual, ainda é necessário que o RH saiba diferenciar depressão de luto. Hoje, infelizmente, é muito comum que pessoas tenham perdido algum ente querido para a Covid-19, reforçando ainda mais a situação de tristeza generalizada.

Quando isso acontece, a área de Recursos Humanos deve saber identificar o que acontece com o seu colaborador – se é um momento de luto ou se a pessoa está deprimida –, pois para cada um se adota um direcionamento adequado.

“É preciso saber olhar para o funcionário de forma mais humanizada e acolhedora. Muitas vezes, a pessoa está apenas passando por uma fase de luto, e consequentemente isso pode afetar a sua produtividade. Nesse momento, é essencial acolher e entender que isso não define as qualidades e a produtividade de cada um, para que ações precipitadas não sejam tomadas inadequadamente”, alerta o Dr. Claudio Cohen, psiquiatra credenciado Omint.

Para auxiliar as empresas a cuidar da saúde mental de seus colaboradores, desde 2015 a Omint disponibiliza o Programa de Saúde Emocional, voltado a apoiar os RHs de empresas parceiras na prevenção. As atividades auxiliam a fortalecer a saúde emocional e a conscientizar sobre os níveis de estresse na vida dos participantes.

Com isso, a companhia identifica casos que necessitam de acompanhamento específico e procura desmistificar a saúde mental para as pessoas nos ambientes de trabalho. Os profissionais da Omint garantem toda a estrutura e acolhimento necessários.

Ao longo dos anos, o Programa Saúde Emocional tem alcançado resultados positivos. No ano de 2021, houve redução de 41% do nível de estresse dos colaboradores atendidos. Além disso, o Núcleo de Saúde e Prevenção da Omint (NUSP) disponibiliza às empresas clientes – no Setembro Amarelo e em todos os meses do ano – conteúdos informativos nos canais digitais.

 

Como posso fazer a minha parte?

Nesse momento, é muito importante que as pessoas ao redor consigam auxiliar alguém que está precisando de ajuda. O mais importante é saber que é necessário procurar auxílio profissional para que o tratamento seja iniciado. Mas até lá o que você pode fazer?

Observar e abordar com sutileza – Primeiramente, se você observar que a pessoa está apresentando os sintomas que citamos e gostaria de ajudar, é imprescindível abordá-la com leveza, principalmente oferecendo ajuda e vendo se há abertura para que vocês conversem sobre o problema.

Não julgue! – Um dos principais motivos pelas pessoas não procurarem outras para pedir ajuda é porque muitas vezes podem enxergá-la como preguiçosa ou até mesmo que seja “frescura”, o que acaba a desencorajando. Portanto, saiba ouvir e não julgue o sofrimento alheio: tente entender o seu ponto de vista.

Incentive-a a procurar ajuda profissional – Uma vez que é possível conversar com a pessoa, você deve incentivá-la a procurar ajuda profissional e pode até mesmo explicar que um especialista é a melhor pessoa para orientá-la corretamente nesse momento. Se coloque à disposição para ajudar a procurar, se possível, e lembre-a de que pode contar com você nesse momento.

Não tente diagnosticar (ou autodiagnosticar) por internet ou “achismos” – É de extrema importância se colocar à disposição para ajudar a procurar ajuda, mas nunca fazer por si só. Somente um profissional qualificado pode diagnosticar transtornos e orientar para o melhor tratamento. O melhor que a família e os amigos podem fazer é sempre se manter como apoio. Isso já será parte muito importante do tratamento.

Agora que você já sabe um pouco mais sobre o assunto, fique atento aos sinais do seu corpo, tenha um olhar acolhedor para sua família, amigos e colegas de trabalho. Saiba ouvir quando necessário e sempre incentive a procura da ajuda profissional. Compartilhe o conteúdo com alguém querido e sempre propague mais conhecimento sobre uma causa tão importante!

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