Síndrome sensorial: entenda esse transtorno e saiba como identificar

O transtorno de processamento sensorial (TPS) chamou a atenção após a atriz Giovanna Ewbank revelar que seu filho foi diagnosticado com essa síndrome.

Publicado por Juliana Brito

17 de abril de 2023

Os nossos sentidos – visão, audição, tato, paladar e olfato – são a principal maneira de perceber e de nos relacionar com o mundo exterior. Apesar de não sabermos ao certo como cada um de nós interpreta essas sensações, hoje entendemos que, para algumas pessoas, essa experiência é muito diferente: é o chamado transtorno sensorial.

Devido a alterações no cérebro, os portadores do TPS podem ter uma sensibilidade que torna difícil processar ou filtrar informações sensoriais, resultando em sintomas desconfortáveis ou até dolorosos.

Recentemente, essa síndrome chamou a atenção com as notícias sobre o filho da atriz e apresentadora Giovanna Ewbank com o também ator Bruno Gagliasso. Bless foi diagnosticado com síndrome sensorial após o casal notar manifestações do distúrbio. Não é incomum que esses sintomas afetem muitas áreas da vida, desde a capacidade de se concentrar no trabalho, na escola ou até na habilidade de desfrutar as atividades cotidianas.

Nesse blogpost, você irá entender como essa síndrome acontece, seu diagnóstico, tratamentos e outras informações. Os tópicos do texto são:

  • O que é transtorno de processamento sensorial
  • Sintomas do transtorno sensorial
  • Como é diagnosticada a síndrome sensorial
  • Tratamento para sensibilidade sensorial

Vamos lá?

 

O que é transtorno de processamento sensorial

O TPS é uma condição neurológica que afeta a maneira como o cérebro processa informações sensoriais. Pessoas com essa síndrome podem ter dificuldade em filtrar ou interpretar corretamente esses estímulos sensoriais. Isso pode levar a uma diminuição da sensibilidade (hipossensibilidade) ou aumento da sensibilidade (hipersensibilidade) causando respostas consideradas exageradas ou inadequadas a determinadas sensações.

Os gatilhos para o transtorno sensorial podem ser os mais variados, bem como sua intensidade. Desde texturas, como um chão áspero ou grama; cheiros, como o próprio Bless, que costumava se queixar do cheiro da cebola na cozinha; sons, muito altos ou repetitivos, por exemplo, entre muitas outros.

As causas do transtorno sensorial ainda não são claras sob o ponto de vista da ciência, mas atribui-se muito à genética. Também foi por muito tempo confundido com o transtorno de espectro autista (TEA), mas hoje se sabe que existem muitas pessoas que têm transtorno de processamento sensorial e não são autistas, ainda que ambos os distúrbios possam estar relacionados.

 

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Sintomas do transtorno sensorial

Como mencionado, cada pessoa costuma ter os próprios gatilhos e reações a essas sensações. Apesar das amplas variações, há alguns parâmetros importantes que nos ajudam a compreender os sintomas do transtorno de processamento sensorial.

No caso da hipersensibilidade, ou seja, quando os estímulos são mais intensos devido à síndrome sensorial, os sintomas podem incluir:

  • evitar abraços ou resistir a toques físicos
  • estresse, silêncio ou medo repentino
  • recusa em vestir certas roupas e tecidos
  • agitação excessiva com sons comuns
  • excessiva sensibilidade a luz e sons, geralmente cobrindo os olhos ou tapando os ouvidos
  • dificuldades com habilidades motoras finas, como escrever ou desenhar
  • recusa em comer certos alimentos ou sentir alguns cheiros
  • limiar de dor baixo, ou seja, sente dor com mais facilidade
  • dificuldade de se adaptar a ambientes
  • dificuldade para expressar sensações

A hipossensibilidade ocorre quando a pessoa sente os estímulos com menos intensidade.  Nesse caso, a síndrome sensorial se manifesta de forma diferente. Os sintomas mais comuns são:

  • limiar de dor alto, ou seja, têm pouca resposta à dor
  • brincadeiras físicas intensas e, quando crianças, podendo machucar outras crianças
  • fazer tudo com mais força, como abraçar ou escovar os dentes
  • pouca noção espacial
  • esbarrar em outras coisas e pessoas
  • hábito de cheirar e encostar em diferentes objetos
  • morder objetos ou simplesmente colocá-los na boca com frequência
  • quando crianças, costuma fazer muita “bagunça”
  • gostar de sons altos

Mesmo entendendo os sintomas, o TPS pode ser uma síndrome muito confusa, já que as manifestações variam muito e se misturam com outros transtornos. Por isso, o diagnóstico pode ser algo complexo e requer a participação de profissionais de saúde, como psicólogo, psiquiatra ou terapeuta ocupacional.

Veja só.

 

Como é diagnosticada a síndrome sensorial

O TPS costuma ser muito subdiagnosticado no Brasil e em adultos, justamente por sua relação com outros distúrbios e a dificuldade de perceber os sintomas.

Estima-se que o distúrbio afeta cerca de 5% das crianças em idade escolar e uma proporção significativa de adultos. Como mencionado, o TPS pode afetar qualquer pessoa, mas é relativamente raro: costuma ser mais comum em indivíduos com TEA, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), transtorno de ansiedade e transtornos do humor.

Não existe um teste específico para identificar a síndrome sensorial. O diagnóstico é feito com base nos sintomas apresentados pela pessoa e na avaliação do histórico médico e comportamental. Para isso, os pais precisam manter-se atentos aos comportamentos da criança a fim de descrevê-los detalhadamente e oferecer uma perspectiva completa para os profissionais.

Muitas vezes o que dificulta o diagnóstico são os pais e responsáveis interpretarem os sintomas apenas como “frescura” ou como comportamento típico de criança mimada. O TPS precisa ser notado e aceito para que o diagnóstico e o tratamento sejam ideais e corretos.

O profissional pode usar ferramentas como questionários, entrevistas e observação para chegar ao diagnóstico.

Uma vez realizado o diagnóstico, o próximo passo é pensar no melhor tratamento.

 

Tratamento para sensibilidade sensorial

O tratamento do TPS é essencial para que, após o diagnóstico, as pessoas possam viver com mais tranquilidade e qualidade de vida. Afinal, por alterar as sensações, tão subjetivas e individuais, a síndrome sensorial interfere nas atividades diárias, afetando profundamente o aprendizado, a socialização, o trabalho e o relacionamento das pessoas.

Indo além, em último grau, essas dificuldades em decorrência da síndrome sensorial podem levar ao surgimento de outros transtornos, como a depressão e a ansiedade, ou a comportamentos agressivos e de isolamento social. Isso afeta os 4 pilares da saúde.

 

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Tendo em mente todas essas questões que, apesar de diferentes, andam lado a lado, entende-se o porquê é tão importante garantir o tratamento que auxilie as pessoas a conviverem com o transtorno de processamento sensorial, principalmente na infância. O tratamento do TPS é multidisciplinar e envolve médicos neurologista, neuropediatra, psicólogos, terapia ocupacional, fonoaudiólogos e psiquiatra.

A terapia ocupacional tem se mostrado uma alternativa muito relevante no tratamento sobretudo de crianças com síndrome sensorial. Isso porque essa linha terapêutica auxilia a integrar e compreender esses estímulos por meio de brincadeiras e atividades lúdicas. Com as técnicas desenvolvidas nas sessões e, é claro, o apoio dos familiares e profissionais, a criança vai aprendendo a organizar as sensações.

A terapia comunicacional e a psicoterapia infantil também são muito importantes, principalmente para adultos. Elas auxiliam os pacientes a lidarem com os sentimentos de ansiedade, depressão ou isolamento que possam ter sido sentidos na infância ou que os acompanhem até o dia de hoje.

A melhor maneira de seguir com um tratamento é contando com a experiência de um profissional capacitado. Avaliando o caso com todas as suas especificidades e peculiaridades, é possível desenhar um caminho terapêutico mais apropriado.

Agora você já sabe um pouco mais sobre o transtorno de processamento sensorial. Lembre-se: para ajudar as pessoas que têm essa condição, é sempre necessário o conhecimento para diagnóstico precoce e melhor tratamento.

 

 

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